Vai encarar? O documento agora está disponível no site de Cambridge, e é parte de uma campanha pelo livre acesso à informação científica
Por Bruno Vaiano | Superinteressante
(University of Cambridge/Stephen Hawking/Reprodução)
Você é do tipo que tatuou frases de Tchékhov no antebraço? Que zerou Proust no original? Que leva os hexâmetros da Ilíada para o banheiro de tão fáceis? Então chegou a hora de uma mudança de hábito: que tal ler a tese de doutorado do astrofísico Stephen Hawking, terminada em 1966?
O documento - um dos mais importantes da história da física - agora pode ser baixado gratuitamente no site da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Você pode encontrá-lo aqui, mas não fique triste se não conseguir acessar a página de primeira. O banco de teses da instituição não está acostumado a receber um número de cliques tão grande em uma tacada só, e acabou congestionando. Não tire o dedo do F5!
Propriedades dos Universos em Expansão foi disponibilizada ao público a pedido do autor, que apoia iniciativas de acesso aberto. “Qualquer um, em qualquer lugar do mundo deve ter acesso livre não só à minha pesquisa, mas à pesquisa de cada grande mente questionadora de todo o espectro da conhecimento humano”, declarou Hawking. “Cada geração se apoia nos ombros daqueles que vieram antes dela. Eu, quando era um jovem doutorando em Cambridge, me inspirei nos trabalhos de Isaac Newton, James Maxwell e Albert Einstein. É maravilhoso saber quantas pessoas já demonstraram interesse em baixar a minha tese - espero que elas não se desapontem.”
Cambridge aproveitou o ato simbólico de Hawking para pedir a seus 8,6 mil professores, aposentados ou não, que façam o mesmo com suas teses e dissertações. A instituição foi responsável, ao todo, por 98 prêmios Nobel. A partir de outubro, para comemorar a Semana Internacional do Acesso Aberto, todo mundo que completar um doutorado na universidade britânica - eleita a segunda melhor do mundo por alguns rankings - será convidado a doar uma cópia digital de seu trabalho à biblioteca virtual Apollo, que é completamente gratuita.
A Apollo contém 200 mil itens, que incluem 15 mil artigos científicos, 10 mil imagens, 2,4 mil teses e mil bancos de dados. É muito, mas não chega aos pés dos 8 milhões de itens da biblioteca física.
O livre acesso à pesquisa científica está em pauta desde a criação do Sci-Hub, um repositório ilegal de artigos científicos pirateados criado pela pesquisadora e ativista cazaque Alexandra Elbakyan. A plataforma é conhecida popularmente como “o Pirate Bay da ciência”.
A atitude radical de Elbakyan reflete a posição de muitos cientistas que não têm problemas com a lei, mas consideram desonesto o modelo de negócio adotado pelas grandes editoras de ciência, como a Elsevier e a Springer. “É óbvio que o Sci-Hub é ilegal”, afirmou o biólogo Stephen Curry à equipe de notícias da Nature. “Mas o fato de que ele é tão popular, dentro e fora da academia, é um sintoma da frustração das pessoas com o status quo das publicações acadêmicas.” A Elsevier, em 2010, lucrou 724 milhões de libras com só 2 bilhões de libras de receita - uma margem de lucro de 36%, e um contraste notável com o Art. 27 da Declaração Universal de Direitos Humanos, que garante o direito de “compartilhar o avanço científico e seus benefícios”.
É claro que, políticas de democratização à parte, há uma grande diferença entre ter a tese de Hawking em seu computador e conseguir entendê-la. É por isso que, se você não é graduado em Física, a SUPER recomenda Uma Breve História do Tempo (Intrínseca, R$ 39,90). O livro, voltado para o público leigo, atesta o talento de Hawking para explicar conceitos complicados de forma simples - e pode te inspirar (quem sabe?) a entrar em uma faculdade de exatas bem cabeludas.
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terça-feira, 24 de outubro de 2017
sexta-feira, 17 de junho de 2016
EDUBASE
Base de dados de artigos de periódicos nacionais em Educação e áreas afins, desenvolvida e fundada pela Biblioteca da Faculdade de Educação da UNICAMP, desde setembro de 1994, sendo a partir de abril de 2015, gerenciada pelo Sistema de Bibliotecas da UNICAMP, precisamente pelo Portal de Periódicos Eletrônicos Científicos. A proposta da Edubase é que futuramente possam incluir, além dos artigos de periódicos, trabalhos de anais de eventos, e capítulos de livros relacionados à Educação e áreas afins de acesso aberto.
Estudo Geral
ESTUDO GERAL é a designação do repositório digital da produção científica da Universidade de Coimbra, cujo objetivo consiste em divulgar conteúdos digitais de natureza científica de autores ligados à Universidade de Coimbra. A sua criação insere-se no movimento de Acesso Livre à Literatura científica (Open Access), ao qual o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas aderiu em 2006.
sexta-feira, 10 de junho de 2016
Repositórios institucionais: padrões para registro em diretórios oficiais de acesso aberto
Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v. 11, n. especial, 2015.
Maria Betânia de Santana da Silva
Analisa os padrões que qualificam um Repositório Institucional (RI) a integrar a base de diretórios oficiais de acesso aberto, segundo o Directory of Open Access Repositories (OpenDOAR), em contribuição ás discussões sobre os caminhos a serem percorridos para um RI eficaz do ponto de vista da interoperabilidade da informação científica em rede mundial, sob a hipótese de assim evitar uma adesão excessivamente simplista, com base apenas nas tecnologias, em detrimento de etapas simples, porém importantes, talvez determinantes para a divulgação da informação científica produzida. A metodologia utilizada é exploratória e a descritiva, com abordagem quali-quantitativa através do levantamento bibliográfico, das condições apresentadas pelo OpenDoar e paralelamente das orientações dadas pelo IBICT como principal órgão de fomento para implantação de Repositórios no Brasil. Conclui-se sobre a importância das ações e parcerias entre instituições e órgãos de fomento para um crescimento com qualidade e maior representação dos RIs brasileiros nos diretórios internacionais.
Clique aqui para o texto completo [pdf/19p.]
Imagem: Internet
Maria Betânia de Santana da Silva
Analisa os padrões que qualificam um Repositório Institucional (RI) a integrar a base de diretórios oficiais de acesso aberto, segundo o Directory of Open Access Repositories (OpenDOAR), em contribuição ás discussões sobre os caminhos a serem percorridos para um RI eficaz do ponto de vista da interoperabilidade da informação científica em rede mundial, sob a hipótese de assim evitar uma adesão excessivamente simplista, com base apenas nas tecnologias, em detrimento de etapas simples, porém importantes, talvez determinantes para a divulgação da informação científica produzida. A metodologia utilizada é exploratória e a descritiva, com abordagem quali-quantitativa através do levantamento bibliográfico, das condições apresentadas pelo OpenDoar e paralelamente das orientações dadas pelo IBICT como principal órgão de fomento para implantação de Repositórios no Brasil. Conclui-se sobre a importância das ações e parcerias entre instituições e órgãos de fomento para um crescimento com qualidade e maior representação dos RIs brasileiros nos diretórios internacionais.
Clique aqui para o texto completo [pdf/19p.]
Imagem: Internet
terça-feira, 31 de maio de 2016
União Europeia quer liberar acesso a artigos científicos até 2020. Qual o impacto da medida
Decisão tem potencial de democratizar acesso à ciência e relativizar o poder de grandes editoras privadas
André Cabette Fábio | Nexo
FOTO: BILL DICKINSON/CREATIVE COMMONS
Decisão da União Europeia pode democratizar acesso à ciência
Países-membros da União Europeia decidiram na última sexta-feira (27) que todos os artigos científicos financiados com verbas públicas deverão ser de acesso público até 2020. A meta tem o potencial de diminuir o poder de um seleto grupo de cinco grandes editoras privadas de determinar o que é e o que não é relevante na academia do ponto de vista global.
A decisão foi tomada após um encontro de dois dias em Bruxelas entre ministros de Ciência, Inovação, Comércio e Indústria, e faz parte de um grupo de recomendações chamadas de Open Access, que têm o objetivo de democratizar o acesso a dados científicos.
Atualmente, pesquisadores do mundo inteiro têm como meta pessoal ter seus trabalhos publicados em revistas renomadas cujo acesso se dá por meio de assinaturas pagas.
Esse é um dos mecanismos utilizados por governos para determinar se o dinheiro investido em pesquisa é bem aproveitado. Para os pesquisadores, serve como prova de que seu trabalho é sério e reconhecido pelos pares - e de que eles merecem receber verba para continuar pesquisando.
Como as revistas são pagas, quem não tem acesso a bibliotecas que as assinem tem que gastar para se atualizar com o que há de mais novo na ciência.
O conselho de ministros determinou que as pesquisas bancadas com dinheiro da União Europeia devem ser acessíveis, a não ser que haja razões como questões de direito autoral ou de segurança que justifiquem que o conteúdo permaneça fechado.
Nesse sentido, tal decisão pode vir a relativizar o poder dessas grandes publicações e democratizar o acesso ao conhecimento de ponta. A decisão não tem poder de lei, é vista como ambiciosa e de difícil aplicação por especialistas.
Mas serve como orientação política para os 28 governos que compõem a União Europeia. Ela foi impulsionada pelo posicionamento do governo dinamarquês, que atualmente é o presidente rotativo do bloco europeu.
O Nexo selecionou alguns pontos para explicar por que a medida pode mudar o jogo de poder no mundo acadêmico.
Quem decide o que é relevante academicamente no mundo?
O estudo “O Oligopólio das Editoras Acadêmicas na Era Digital” mostra que cinco grandes editoras privadas, Reed-Elsevier, Springer, Wiley Blackwell, Taylor & Francis e Sage, foram responsáveis pela publicação de mais de metade dos trabalhos científicos mais citados e com maior visibilidade internacional em 2013.
Ele foi realizado a partir da análise de 44 milhões de documentos presentes no banco de dados Web of Science, da agência internacional Thomson Reuters. O Web of Science mapeia as citações que trabalhos científicos recebem no mundo acadêmico, um importante elemento para determinar a relevância de um determinado estudo.
Segundo dados sobre o que foi publicado entre 1973 e 2013, o controle das cinco grandes editoras sobre esses trabalhos mais relevantes só aumentou nas últimas décadas. Mesmo com a ampliação do papel da internet que, em tese, tornaria mais livre o acesso à informação.
Essas publicações não financiam as pesquisas científicas que divulgam. Contudo, bibliotecas de universidades, pesquisadores e gente interessada do mundo inteiro são obrigados a pagar para elas para ter acesso às informações publicadas.
Um relatório da Associação das Editoras Médicas, Técnicas e Científicas apontou que esse mercado teve receita de US$ 9,4 bilhões em 2011 - o valor total não compreende apenas o arrecadado pelas cinco grandes editoras.
As empresas argumentam que a verba é empregada em manter a qualidade das publicações, com quadros de editores qualificados, por exemplo, que as tornam grandes referências internacionais.
A medida muda o jogo?
Em entrevista ao Nexo, Abel Packer, diretor do programa Scielo, que agrega na internet artigos científicos de publicações brasileiras gratuitas, afirma que a decisão da União Europeia deve diminuir o poder das grandes editoras, mas apenas a médio e longo prazo - caso seja, de fato, colocada em prática.
Como funciona no Brasil?
Em geral, publicações abertas se financiam por meio de um modelo em que a verba para a publicação é paga pela instituição ou cientista que publica, ou pela instituição responsável pela revista.
Segundo Packer, o Brasil tem hoje cerca de 5.000 publicações científicas. Praticamente nenhuma se mantém pelo modelo de assinaturas, mas com verbas de universidades e da sociedade civil. Entre essas, 280 que são consideradas de alto padrão de qualidade são replicadas no Scielo.
André Cabette Fábio | Nexo
FOTO: BILL DICKINSON/CREATIVE COMMONS
Decisão da União Europeia pode democratizar acesso à ciência
Países-membros da União Europeia decidiram na última sexta-feira (27) que todos os artigos científicos financiados com verbas públicas deverão ser de acesso público até 2020. A meta tem o potencial de diminuir o poder de um seleto grupo de cinco grandes editoras privadas de determinar o que é e o que não é relevante na academia do ponto de vista global.
A decisão foi tomada após um encontro de dois dias em Bruxelas entre ministros de Ciência, Inovação, Comércio e Indústria, e faz parte de um grupo de recomendações chamadas de Open Access, que têm o objetivo de democratizar o acesso a dados científicos.
Atualmente, pesquisadores do mundo inteiro têm como meta pessoal ter seus trabalhos publicados em revistas renomadas cujo acesso se dá por meio de assinaturas pagas.
Esse é um dos mecanismos utilizados por governos para determinar se o dinheiro investido em pesquisa é bem aproveitado. Para os pesquisadores, serve como prova de que seu trabalho é sério e reconhecido pelos pares - e de que eles merecem receber verba para continuar pesquisando.
Como as revistas são pagas, quem não tem acesso a bibliotecas que as assinem tem que gastar para se atualizar com o que há de mais novo na ciência.
O conselho de ministros determinou que as pesquisas bancadas com dinheiro da União Europeia devem ser acessíveis, a não ser que haja razões como questões de direito autoral ou de segurança que justifiquem que o conteúdo permaneça fechado.
Nesse sentido, tal decisão pode vir a relativizar o poder dessas grandes publicações e democratizar o acesso ao conhecimento de ponta. A decisão não tem poder de lei, é vista como ambiciosa e de difícil aplicação por especialistas.
Mas serve como orientação política para os 28 governos que compõem a União Europeia. Ela foi impulsionada pelo posicionamento do governo dinamarquês, que atualmente é o presidente rotativo do bloco europeu.
"O tempo de falar sobre Open Access já passou. Com esses acordos nós vamos alcançá-lo na prática”
Sander Dekker
Secretário Dinamarquês para Educação, Cultura e Ciência, em comunicado
O Nexo selecionou alguns pontos para explicar por que a medida pode mudar o jogo de poder no mundo acadêmico.
Quem decide o que é relevante academicamente no mundo?
O estudo “O Oligopólio das Editoras Acadêmicas na Era Digital” mostra que cinco grandes editoras privadas, Reed-Elsevier, Springer, Wiley Blackwell, Taylor & Francis e Sage, foram responsáveis pela publicação de mais de metade dos trabalhos científicos mais citados e com maior visibilidade internacional em 2013.
Ele foi realizado a partir da análise de 44 milhões de documentos presentes no banco de dados Web of Science, da agência internacional Thomson Reuters. O Web of Science mapeia as citações que trabalhos científicos recebem no mundo acadêmico, um importante elemento para determinar a relevância de um determinado estudo.
Segundo dados sobre o que foi publicado entre 1973 e 2013, o controle das cinco grandes editoras sobre esses trabalhos mais relevantes só aumentou nas últimas décadas. Mesmo com a ampliação do papel da internet que, em tese, tornaria mais livre o acesso à informação.
Essas publicações não financiam as pesquisas científicas que divulgam. Contudo, bibliotecas de universidades, pesquisadores e gente interessada do mundo inteiro são obrigados a pagar para elas para ter acesso às informações publicadas.
Um relatório da Associação das Editoras Médicas, Técnicas e Científicas apontou que esse mercado teve receita de US$ 9,4 bilhões em 2011 - o valor total não compreende apenas o arrecadado pelas cinco grandes editoras.
As empresas argumentam que a verba é empregada em manter a qualidade das publicações, com quadros de editores qualificados, por exemplo, que as tornam grandes referências internacionais.
A medida muda o jogo?
Em entrevista ao Nexo, Abel Packer, diretor do programa Scielo, que agrega na internet artigos científicos de publicações brasileiras gratuitas, afirma que a decisão da União Europeia deve diminuir o poder das grandes editoras, mas apenas a médio e longo prazo - caso seja, de fato, colocada em prática.
“Essas revistas vão continuar a ter uma relevância reconhecida por outros. Para obter financiamento para um grande projeto de pesquisa ainda é preciso publicar nesses veículos de prestígio. Para romper com isso, as publicações abertas terão que ganhar relevância, e isso ainda vai demorar muito tempo”
Abel Packer
Diretor do programa Scielo
Como funciona no Brasil?
Em geral, publicações abertas se financiam por meio de um modelo em que a verba para a publicação é paga pela instituição ou cientista que publica, ou pela instituição responsável pela revista.
Segundo Packer, o Brasil tem hoje cerca de 5.000 publicações científicas. Praticamente nenhuma se mantém pelo modelo de assinaturas, mas com verbas de universidades e da sociedade civil. Entre essas, 280 que são consideradas de alto padrão de qualidade são replicadas no Scielo.
sexta-feira, 18 de março de 2016
Portal de Livros Abertos da USP
Este portal de livros oferece acesso aberto imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio que torna a pesquisa acessível ao público abertamente proporcionando maior intercâmbio de conhecimento de forma global.
quarta-feira, 16 de março de 2016
Diretório de fontes acadêmicas de acesso aberto
O ROAD, Directory of Open Access Scholarly Resources é um serviço oferecido pelo Centro Internacional do ISSN, com o apoio do Setor de Comunicação e Informação da UNESCO.
Desde 2013 o ROAD proporciona acesso gratuito a um subconjunto de ISSN Registrados. Este subconjunto compreende registros bibliográficos que descrevem fontes acadêmicas em acesso aberto que tenha sido atribuído um ISSN pela Rede ISSN: periódicos, anais de conferências e repositórios acadêmicos. Fornecendo um único ponto de acesso a diferentes tipos de fontes acadêmicas on-line publicados em todo o mundo disponíveis gratuitamente.
quinta-feira, 3 de março de 2016
Lançamento do Portal de Livros Abertos da USP
Evento: Dia do Bibliotecário 2016: Bibliotecas como parceiras na publicação científica
Data: 18 de março de 2016
Horário: 8h45 às 12h30
Local: Auditório Safra da Biblioteca da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis) da USP
Av. Prof. Luciano Gualberto, 908 - Butantã, São Paulo - SP, 05508-010
As inscrições para o evento serão realizadas exclusivamente de forma eletrônica pelo link:
Temática: O Dia do Bibliotecário esse ano na USP tratará da temática das Bibliotecas como parceiras na Publicação Científica. Para fomentar a discussão foram convidados importantes membros da comunidade científica nacional e internacional. Temas como ética, gestão editorial e serviços de publicação em bibliotecas serão apresentados do ponto de vista prático. Além disso, o DT/SIBi apresentará os resultados do questionário sobre "Serviços de Publicação nas Bibliotecas da USP" o qual mapeou as ações empreendidas pelas bibliotecas como parceiras das publicações científicas. Além disso, será lançado durante o evento o "Portal de Livros Abertos da USP", uma iniciativa que visa criar um espaço para a comunidade científica da USP depositar livros publicados em Acesso Aberto.
Programação:
09h00 - Abertura - Dra. Maria Fazanelli Crestana (Chefe Técnica do SIBiUSP)
09h10 - Lançamento do Portal de Livros Abertos da USP - Célia Regina de Oliveira Rosa (Coordenadora do Portal de Livros Abertos da USP)
09h30 - Ética na Publicação Científica - Profa. Dra. Silvia Regina Galetti Queiróz (Instituto Biológico)
10h10 - O papel da Biblioteca em uma revista de impacto internacional - Profa. Dra. Emiko Yoshikawa Egry (Revista da Escola de Enfermagem da USP)
10h50 - Como montar e gerenciar um escritório de publicação científica - Kavita Kirankumar Patel-Rolim (Clinics)
11h30 - Serviços de Publicação em Bibliotecas da USP - André Serradas (Coordenador do Portal de Revistas USP)
12h10 - Library as a Publishing - Sarah Lippincott (Library Publishing Coalition / Educopia)
12h30 - Encerramento
via Departamento Técnico - SIBiUSP
terça-feira, 6 de outubro de 2015
Ciência: falar abertamente
Disponível de forma gratuita na internet, livro discute o movimento pela ciência aberta, com reflexões teóricas e exemplos práticos dessa nova dinâmica de produção e circulação do conhecimento.
Catarina Chagas | Instituto Ciência Hoje/ RJ
Movimento da ‘ciência aberta’, envolve não apenas o acesso gratuito a artigos e outras publicações, mas o estabelecimento de novas dinâmicas de produção do conhecimento (imagem: OpenSource.com/Flickr/CC BY-SA 2.0)
Acesso aberto, compartilhamento de dados e protocolos, financiamento coletivo. Essas expressões significam alguma coisa para você? Para os leitores que trabalham em instituições de pesquisa, provavelmente sim. Nas últimas décadas, muito se tem discutido sobre o acesso a informações científicas, frequentemente ‘presas’ a publicações editadas por instituições privadas e que cobram caro por elas. O movimento pela democratização desse conhecimento, que convencionamos chamar ‘ciência aberta’, envolve não apenas o acesso gratuito a artigos e outras publicações, mas o estabelecimento de novas dinâmicas de produção do conhecimento. Essas questões são abordadas no livro Ciência aberta, questões abertas, organizado por Sarita Albagli, Maria Lucia Maciel e Alexandre Hannud Abdo.
Publicada em parceria pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), a obra reúne 12 artigos de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, de diferentes áreas do conhecimento, que refletem sobre e atuam no movimento pela ciência aberta e colaborativa. Resultante de evento homônimo realizado em 2014 no Rio de Janeiro, Ciência aberta, questões abertas discute como essa forma de pensar o conhecimento modifica as relações entre os cientistas e, também, dos cientistas com a sociedade.
Livro sobre ciência aberta está disponível para download gratuito (imagem: divulgação)
Uma perspectiva histórica
Para fazer ciência, é preciso ler ciência - ou seja, consultar artigos e outras publicações científicas da área em que se deseja produzir conhecimento. Com essas publicações quase sempre nas mãos de editores privados, chegar ao conhecimento pode custar caro, e foi este o ponto de partida do movimento pela ciência aberta: o acesso livre a publicações científicas. Com o tempo, outras questões começaram a ser debatidas, como inovações no próprio modo de fazer ciência e até nas formas de financiamento - note-se o surgimento dos mecanismos de crowdfunding e sua aplicação a projetos de pesquisa. Essa "cultura do compartilhamento", como cita Albagli no capítulo de abertura do livro, é o que marca a ciência aberta.
"Tem-se demonstrado que, historicamente, é no compartilhamento e na abertura à produção coletiva e não individual que melhor se desenvolvem a criatividade e a inovatividade", escreve a pesquisadora do Ibict. "A complexidade dos desafios científicos e a urgência das questões sociais e ambientais que se apresentam às ciências impõem, por sua vez, facilitar a colaboração e o compartilhamento de dados, informações e descobertas".
Não existe ainda, no entanto, um consenso sobre a extensão, o significado ou mesmo o modus operandi desta nova forma de se encarar o conhecimento. Para alguns, trata-se de uma retomada do verdadeiro espírito da ciência - o fazer desinteressado, sem fins lucrativos -, para outros, é mais do que isso: reflete um novo modo de pensar a própria ciência, com consequências diretas para o fazer científico, suas instituições e sua relação com a sociedade. Difícil escolher uma opção correta, claro. Conforme avança no mundo, o movimento pela ciência aberta ganha novos contornos, abraça novas causas e segue na direção de seus novos adeptos. Hoje, não se trata apenas de livre acesso a artigos e livros publicados, mas também de dados científicos abertos, wikipesquisa, ciência cidadã, educação aberta. Em poucas palavras, não apenas a noção do que seja a ‘abertura’ está em discussão, mas também o significado de ‘ciência’, provoca a autora.
Para alguns, ciência aberta é uma retomada do verdadeiro espírito da ciência. Para outros, reflete um novo modo de pensar a própria ciência. (imagem: OpenSource.com/Flickr/CC BY-SA 2.0)
Albagli destaca, ainda, uma série de desafios éticos e políticos trazidos à tona pelo movimento da ciência aberta. Um deles é a tensão entre o compromisso de se tornar resultados de pesquisa rapidamente disponíveis para a utilização por terceiros e a ainda central preocupação com o combate ao plágio por parte das instituições de pesquisa e ensino em seus códigos de ética.
Por fim, a autora enfatiza que o movimento pela ciência aberta não tem consequências apenas para pesquisadores e suas instituições, mas também para a sociedade de uma maneira geral, uma vez que ela também sofre os impactos da privatização do conhecimento - um exemplo clássico é o consumo de medicamentos patenteados, cujos preços são determinados por quem detém a propriedade intelectual relativa à produção do fármaco, e não por quem precisa dele.
Livro aberto
Além de reflexões teóricas sobre a ciência aberta, os artigos apresentam experiências concretas em que o trabalho colaborativo rendeu frutos. Um exemplo inclui as tentativas de reduzir o custo das pesquisas e aumentar sua reprodutibilidade a partir da construção de equipamentos de laboratório de baixo custo - um caminho que tem valor especial nos países em desenvolvimento, onde os orçamentos para a ciência tendem a ser muito limitados.
Ciência aberta, questões abertas está - e como poderia não estar? - disponível de forma gratuita na internet. O conteúdo é licenciado pela Creative Commons, que permite sua ampla distribuição e, inclusive, que se crie novas obras a partir do livro - respeitado o crédito às fontes, é claro, e desde que o novo material seja licenciado da mesma maneira.
Ciência aberta, questões abertas
Sarita Albagli, Maria Lucia Maciel e Alexandre Hannud Abdo (organizadores)
Ibict | UniRio
315 páginas - Acesso gratuito aqui
Catarina Chagas | Instituto Ciência Hoje/ RJ
Movimento da ‘ciência aberta’, envolve não apenas o acesso gratuito a artigos e outras publicações, mas o estabelecimento de novas dinâmicas de produção do conhecimento (imagem: OpenSource.com/Flickr/CC BY-SA 2.0)
Acesso aberto, compartilhamento de dados e protocolos, financiamento coletivo. Essas expressões significam alguma coisa para você? Para os leitores que trabalham em instituições de pesquisa, provavelmente sim. Nas últimas décadas, muito se tem discutido sobre o acesso a informações científicas, frequentemente ‘presas’ a publicações editadas por instituições privadas e que cobram caro por elas. O movimento pela democratização desse conhecimento, que convencionamos chamar ‘ciência aberta’, envolve não apenas o acesso gratuito a artigos e outras publicações, mas o estabelecimento de novas dinâmicas de produção do conhecimento. Essas questões são abordadas no livro Ciência aberta, questões abertas, organizado por Sarita Albagli, Maria Lucia Maciel e Alexandre Hannud Abdo.
Publicada em parceria pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), a obra reúne 12 artigos de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, de diferentes áreas do conhecimento, que refletem sobre e atuam no movimento pela ciência aberta e colaborativa. Resultante de evento homônimo realizado em 2014 no Rio de Janeiro, Ciência aberta, questões abertas discute como essa forma de pensar o conhecimento modifica as relações entre os cientistas e, também, dos cientistas com a sociedade.
Livro sobre ciência aberta está disponível para download gratuito (imagem: divulgação)
Uma perspectiva histórica
Para fazer ciência, é preciso ler ciência - ou seja, consultar artigos e outras publicações científicas da área em que se deseja produzir conhecimento. Com essas publicações quase sempre nas mãos de editores privados, chegar ao conhecimento pode custar caro, e foi este o ponto de partida do movimento pela ciência aberta: o acesso livre a publicações científicas. Com o tempo, outras questões começaram a ser debatidas, como inovações no próprio modo de fazer ciência e até nas formas de financiamento - note-se o surgimento dos mecanismos de crowdfunding e sua aplicação a projetos de pesquisa. Essa "cultura do compartilhamento", como cita Albagli no capítulo de abertura do livro, é o que marca a ciência aberta.
"Tem-se demonstrado que, historicamente, é no compartilhamento e na abertura à produção coletiva e não individual que melhor se desenvolvem a criatividade e a inovatividade", escreve a pesquisadora do Ibict. "A complexidade dos desafios científicos e a urgência das questões sociais e ambientais que se apresentam às ciências impõem, por sua vez, facilitar a colaboração e o compartilhamento de dados, informações e descobertas".
Não existe ainda, no entanto, um consenso sobre a extensão, o significado ou mesmo o modus operandi desta nova forma de se encarar o conhecimento. Para alguns, trata-se de uma retomada do verdadeiro espírito da ciência - o fazer desinteressado, sem fins lucrativos -, para outros, é mais do que isso: reflete um novo modo de pensar a própria ciência, com consequências diretas para o fazer científico, suas instituições e sua relação com a sociedade. Difícil escolher uma opção correta, claro. Conforme avança no mundo, o movimento pela ciência aberta ganha novos contornos, abraça novas causas e segue na direção de seus novos adeptos. Hoje, não se trata apenas de livre acesso a artigos e livros publicados, mas também de dados científicos abertos, wikipesquisa, ciência cidadã, educação aberta. Em poucas palavras, não apenas a noção do que seja a ‘abertura’ está em discussão, mas também o significado de ‘ciência’, provoca a autora.
Para alguns, ciência aberta é uma retomada do verdadeiro espírito da ciência. Para outros, reflete um novo modo de pensar a própria ciência. (imagem: OpenSource.com/Flickr/CC BY-SA 2.0)
Albagli destaca, ainda, uma série de desafios éticos e políticos trazidos à tona pelo movimento da ciência aberta. Um deles é a tensão entre o compromisso de se tornar resultados de pesquisa rapidamente disponíveis para a utilização por terceiros e a ainda central preocupação com o combate ao plágio por parte das instituições de pesquisa e ensino em seus códigos de ética.
Por fim, a autora enfatiza que o movimento pela ciência aberta não tem consequências apenas para pesquisadores e suas instituições, mas também para a sociedade de uma maneira geral, uma vez que ela também sofre os impactos da privatização do conhecimento - um exemplo clássico é o consumo de medicamentos patenteados, cujos preços são determinados por quem detém a propriedade intelectual relativa à produção do fármaco, e não por quem precisa dele.
Livro aberto
Além de reflexões teóricas sobre a ciência aberta, os artigos apresentam experiências concretas em que o trabalho colaborativo rendeu frutos. Um exemplo inclui as tentativas de reduzir o custo das pesquisas e aumentar sua reprodutibilidade a partir da construção de equipamentos de laboratório de baixo custo - um caminho que tem valor especial nos países em desenvolvimento, onde os orçamentos para a ciência tendem a ser muito limitados.
Ciência aberta, questões abertas está - e como poderia não estar? - disponível de forma gratuita na internet. O conteúdo é licenciado pela Creative Commons, que permite sua ampla distribuição e, inclusive, que se crie novas obras a partir do livro - respeitado o crédito às fontes, é claro, e desde que o novo material seja licenciado da mesma maneira.
Ciência aberta, questões abertas
Sarita Albagli, Maria Lucia Maciel e Alexandre Hannud Abdo (organizadores)
Ibict | UniRio
315 páginas - Acesso gratuito aqui
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
O que está atrasando a transição ao acesso aberto se não custa mais?
Por Jan Velterop | Blog SciELO
É mais do que claro que há dinheiro suficiente no sistema de publicação científica para fazer a transição do modelo por assinaturas (acesso fechado) ao acesso aberto por meio da taxa de processamento de artigo (Article Processing Charge, APC). Um post recente neste blog1 aborda especificamente a questão, ao comentar um estudo2 atual da Max Planck Society.
Então porque isso não está acontecendo?
Não é porque os encargos financeiros mudariam dramaticamente, mesmo que os custos totais permanecessem os mesmos. Pior, mesmo que o total fosse materialmente menor. Isto é devido ao fato de que as necessidades de aquisição de periódicos de uma instituição raramente são as mesmas que suas necessidades de publicação em periódicos. Abaixo, dois exemplos para ilustrar este fato, um pagando mais, e outro, com diminuição de custos:
Pagar mais em um mundo de acesso aberto financiado por APCs: Uma instituição com muitos pesquisadores, mas centrada em um pequeno número de (sub) disciplinas (imagine o CERN, por exemplo, em Genebra, Suíça). O número de periódicos que eles teriam que ter é relativamente pequeno, da mesma forma que sua conta de assinaturas. O número de cientistas que publicam, no entanto, é grande, assim como seria grande o gasto com APCs - supondo que todos seriam publicados em periódicos de acesso aberto financiadas por APC. A conta de APC pode facilmente ser maior do que a conta de assinaturas, mesmo se as APCs fossem modestas, por isso a instituição em questão pode, ao menos financeiramente, piorar se eles escolherem uma política de acesso aberto.
Pagar menos em um mundo de acesso aberto financiado por APCs: Uma instituição com um forte enfoque educacional (no aluno) em oposição a um enfoque em pesquisa. Se toda ou a maioria da literatura é de acesso aberto, a sua fatura da biblioteca irá diminuir, já que não há mais assinaturas a pagar.
Estes dois exemplos são extremos opostos do espectro, mas é bastante claro que, para a maioria das instituições, a ideia de uma transição direta de pagar por assinaturas para pagar APCs está longe de ser um exercício orçamentário neutro e, portanto, na prática, um obstáculo intransponível para muitos.
Transições muitas vezes custam mais dinheiro durante o período de transição, mas o problema com o sistema de publicação científica é que essa transição - e os custos extras - pode demorar bastante tempo. Não existe, então, nada a ser feito sobre isso? Talvez haja. Instituições individuais podem não ser capazes de fazer a transição direta, por causa de diferenças entre suas necessidades de acesso a periódicos e suas necessidades de publicação de artigos em periódicos. Estas diferenças, no entanto, são muito menores, e podem até não ser significativas se olharmos para a escala de um país (ou região, ou estado, em grandes países). Nesse nível, a probabilidade é que as necessidades de acesso a periódicos e de publicação se equilibrem mutuamente.
O meu apelo é para que se explore o potencial de acordos de larga escala de acesso aberto. A abordagem da Sociedade Max Planck2 é uma delas, e também a das universidades holandesas, unificadas na Associação das Universidades dos Países Baixos (VSNU)3, que estão se movendo em direções interessantes a este respeito, fortemente apoiadas pelo governo holandês. Considero que suas chances de sucesso são altas. Vale a pena, definitivamente, acompanhar o seu progresso.
Notas
1. COP, N. Recursos gastos globalmente em assinaturas de periódicos podem ser completamente transferidos para um modelo de negócio de acesso aberto para liberar acesso aos periódicos?. SciELO em Perspectiva. [viewed 10 September 2015].
2. SCHIMMER, R., GESCHUHN, K.K., and VOGLER, A. Disrupting the subscription journals’ business model for the necessary large-scale transformation to open access. MPG. PuRe. 2015. DOI: 10.17617/1.3.
3. JUMP, P. Elsevier journal editors ‘may be asked to resign’ in open access row. The Word University Rankings, July 3,2015.
Referência
COP, N. Recursos gastos globalmente em assinaturas de periódicos podem ser completamente transferidos para um modelo de negócio de acesso aberto para liberar acesso aos periódicos?. SciELO em Perspectiva. [viewed 08 September 2015].
Links externos
Max Planck Society
Association of Universities in the Netherlands (VSNU)
quarta-feira, 2 de setembro de 2015
Portal científico brasileiro é referência internacional
Com plataforma renovada, Portal de Publicações Científicas em Acesso Aberto (Oasisbr) oferece milhares de publicações gratuitas
Cooperação com a rede latino-americana foi um dos pontos chave para o sucesso da empreitada
Reunir as publicações científicas brasileiras em um mesmo lugar, facilitando a busca desses documentos pelos interessados, é o objetivo do Portal de Publicações Científicas em Acesso Aberto (Oasisbr), lançado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict/MCTI).
O sucesso foi tão grande que o Portal ganhou visibilidade em sites internacionais de divulgação científica, como o La Referencia e Confederation of Open Access Repositories (Coar). O La Referencia é focado na produção científica de países da América Latina como Argentina, Chile, Colombia, Ecuador, El Salvador, México, Perú, Venezuela, além do Brasil. Já o Coar representa 90 instituições mundiais da Europa, Ásia, América do Norte e América Latina.
Para conhecer o novo portal, acesse: oasisbr.ibict.br.
Com a nova plataforma, milhares de publicações científicas produzidas no Brasil estão mais acessíveis a pesquisadores e acadêmicos de todo o mundo. Por meio do Oasisbr, é possível consultar e realizar o download de, aproximadamente, 1,2 milhão de publicações científicas em acesso aberto, sem custo algum.
Sobre a plataforma
O Oasisbr é uma plataforma de busca integrada, podendo ser adaptada a dispositivos móveis. Ela concentra os resultados de bibliotecas digitais de teses e dissertações e de revistas eletrônicas de acesso aberto no Brasil.
Segundo a coordenadora do Laboratório de Metodologias de Tratamento e Disseminação da Informação do Ibict, Bianca Amaro, "o Oasisbr oferece ainda um conjunto de estatísticas sobre as coletas e sobre o material agregado, por meio do qual podemos estabelecer um panorama global da produção brasileira".
Além disso, a cooperação com a rede latino-americana foi um dos pontos chave para o sucesso da empreitada. O número de documentos agregados pelo Oasisbr faz do portal brasileiro o maior repositório de acesso aberto da América Latina.
Fonte: Portal Brasil | Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
segunda-feira, 30 de março de 2015
SciELO Livros: Mais de 34 milhões de downloads depois...
Portal SciELO Livros: "um espaço que favoreça condições de validação do livro científico", segundo o editor executivo da Editora Fiocruz, João Canossa (Foto: Divulgação / SciELO Eventos)
Fernanda Marques | Fiocruz
Ao completar três anos no ar, portal SciELO Livros comemora visibilidade e disseminação do livro acadêmico brasileiro, e se prepara para os desafios de consolidar e expandir o projeto
Há três anos, em março de 2012, entrava no ar o portal SciELO Livros (http://books.scielo.org/), fruto de uma parceria do SciELO com três editoras universitárias brasileiras: a Editora Fiocruz, a Editora Unesp e a Edufba. Iniciativa sem similar em outros países, o SciELO Livros tinha como objetivo preencher uma importante lacuna: a criação de um sistema nacional de indexação de livros acadêmicos de qualidade, com mecanismos para promover a visibilidade e a disseminação das obras, bem como para avaliar o desempenho dos títulos. Passados três anos, mais seis editoras universitárias do país aderiram ao projeto e o portal já oferece mais de 350 e-books em acesso aberto, que contabilizam cerca de 34,6 milhões de downloads. “O balanço é positivo: tem sido uma experiência de bastante sucesso, o que demonstra que o nosso objetivo é factível, embora ele ainda não tenha sido plenamente atingido”, avalia o coordenador do SciELO, Abel Packer.
Para Packer, o principal desafio do SciELO Livros, hoje, é vencer as dificuldades que impedem não só a adesão de um maior número de editoras universitárias ao projeto, mas também uma participação mais efetiva daquelas que já fazem parte da iniciativa. “O portal precisa oferecer uma cobertura ainda mais ampla, com um volume maior de títulos e livros mais atualizados. Só assim teremos uma massa de dados suficiente para gerar parâmetros comparativos e fazer uma análise consistente sobre o desempenho de nossas publicações”, afirma.
Não faltam argumentos para convencer sobre as vantagens de integrar o SciELO Livros. “Produzir e publicar e-books é uma tarefa que, sozinhas, muitas editoras universitárias brasileiras não conseguiriam operacionalizar”, comenta Packer. A força dessa ação coletiva fica ainda mais evidente quando se observa que os e-books da coleção SciELO já pertencem ao “ecossistema internacional dos livros”, figurando em algumas das mais importantes bases de busca do mundo, como DOAB, ExLibris, EBSCO Discovery e EBSCO A-to-Z.
Destacam-se também Amazon, Google Play e Kobo Books, por meio das quais ocorre a comercialização de e-books da coleção SciELO. São os internautas no Brasil os que mais acessam a coleção SciELO através dessas bases, mas há registros de downloads provenientes de mais de 50 países, como Portugal, Estados Unidos, Itália etc.
“Creio que o momento é o de florescer. Foi feito um investimento de vulto na construção desse ‘ambiente’. O ideal é que agora novas editoras e seus livros e autores se somem. É o que dará sentido ao esforço e é o que garantirá fôlego para o que se quer ao fim e ao cabo: um espaço que favoreça condições de validação do livro científico”, afirma o editor executivo da Editora Fiocruz, João Canossa, atual presidente da Associação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu).
Modelo híbrido
Uma das dificuldades para a expansão do SciELO Livros está relacionada à gestão, especialmente à gestão financeira. As editoras universitárias não objetivam o lucro e contam com recursos orçamentários das instituições às quais são vinculadas. Muitas vezes, porém, esses recursos não são suficientes e as editoras universitárias precisam operar dentro da lógica de autossuficiência ou autofinanciamento, isto é, precisam gerar alguma receita para cobrir parte dos custos de suas atividades. “Nesse contexto, o SciELO Livros só se tornou viável a partir de um modelo híbrido, onde os títulos em acesso aberto convivem com outros em acesso comercial”, explica Packer. Os e-books em acesso comercial têm preços, em média, 40% abaixo do valor do exemplar impresso.
“Para além dos desafios das editoras universitárias, que não são poucos, muitas delas, especialmente as públicas, têm que estar em um espaço público mas com algum nível de inserção na lógica privada (leia-se aí distribuidores e livrarias). Isto é: o desafio não é apenas o da autossustentabilidade; é também o de garantir algum, pequeno que seja, espaço de prateleira em livraria para alcance do leitor. Livro que não chega à mão do leitor perde boa parte de seu sentido de existência”, acrescenta Canossa.
São os títulos em acesso aberto os responsáveis pelo maior volume de downloads. Consideradas as três bases de comercialização - Amazon, Google Play e Kobo Books -, houve um total de 187 mil downloads dos e-books em acesso aberto, contra menos de 3 mil daqueles na modalidade comercial. Segundo Packer, ainda é cedo para dizer se essa diferença representa um melhor desempenho dos títulos em acesso aberto no que se refere a citações e outras métricas de impacto.
O coordenador do SciELO aponta outros caminhos possíveis para o incentivo ao acesso aberto. Um deles seria publicar os livros, inicialmente, em formato eletrônico e acesso aberto e, depois, selecionar aqueles que seriam impressos e comercializados. Outra alternativa seria prever financiamento para a publicação de livros desde a concepção dos projetos de pesquisa, de modo que os livros acadêmicos deixassem de ser encarados como subprodutos circunstanciais ou acidentais e as editoras universitárias não fossem mais vistas como meras instâncias burocráticas. “É preciso resgatar o protagonismo dessas editoras na cadeia de produção do conhecimento científico”, defende Packer.
“O acesso aberto está na ordem do dia. E, cá pra nós, como diz a garotada, demorou! Há tempos a Editora Fiocruz se preocupa com a questão, tanto que foi uma das primeiras a ter em seu site livros em acesso aberto de forma experimental. Depois partimos para o SciELO, onde, atualmente, temos praticamente metade do catálogo depositado, parte em acesso totalmente livre, a outra em acesso bem facilitado (o que não deixa de ser uma forma importante de acesso, não podemos esquecer)”, afirma Canossa.
Avaliação acadêmica
Uma análise a partir da coleção SciELO Periódicos revela que, em determinadas áreas do conhecimento, a produção e citação de livros ainda é muito importante. Entretanto, no atual modelo de avaliação acadêmica, fortemente baseado na produtividade, a presença e percepção do valor do livro sofreram um duro golpe. Em comparação ao artigo em periódico, o livro teve uma importante perda de prestígio no sistema nacional de avaliação.
“É notório que o nosso livro acadêmico precisa ser mais bem agasalhado, protegido... Ele está carente de uma política de inovação nos âmbitos federal e estaduais”, alerta Packer. O SciELO Livros é justamente uma proposta de inovação. “Contribuir para a revalorização do livro acadêmico é o que queremos, inclusive na perspectiva de estabelecer mecanismos de avaliação. Talvez esse seja o principal argumento em defesa da adesão ao SciELO Livros”, resume.
“A Abeu tem estado atenta aos movimentos do mercado e da sociedade em geral. Precisamos garantir políticas de Estado para o livro, para a leitura, para a formação de leitores - e, preferencialmente, de leitores plenos. Cansamos de correr atrás, resolvemos sentar juntos, e nos colocamos em diálogo com as entidades do livro, para fortalecer a cadeia produtiva e distributiva e, por conseguinte, defender aqueles que nos são caros”, comenta Canossa.
Editora Fiocruz no SciELO Livros
Dos 34,6 milhões de downloads do SciELO Livros, 20 milhões foram de títulos da Editora Fiocruz, uma das precursoras do projeto. O número de livros baixados vem aumentando ano após ano: 856 mil em 2012, 7,2 milhões em 2013 e 11 milhões em 2014. Só nos dois primeiros meses de 2015 já foram contabilizados 950 mil downloads.
“Os números são muito democráticos. Dependendo da perspectiva, sempre uma editora diferente estará em posição de destaque. A Editora Fiocruz, por exemplo, é a que tem o maior número de livros baixados no geral. Por sua vez, a EDUEPB é a que tem mais livros em acesso aberto baixados a partir da base Google Play. Todas as demais participantes - Edufba, Editora Unesp, Eduel, EdUFSCar, FAP-Unifesp, Eduem e Editora Mackenzie - têm seus destaques”, sublinha Canossa.
Os três e-books mais baixados da Editora Fiocruz - O Recém-Nascido de Alto Risco: teoria e prática do cuidar, Animais de Laboratório: criação e experimentação e Filosofia, História e Sociologia das Ciências: abordagens contemporâneas - são uma pequena amostra da diversidade de temas encontrados na coleção SciELO Livros. Juntos, esses três títulos já tiveram mais de 6,8 milhões de downloads.
O desempenho de um livro como o Filosofia, História e Sociologia das Ciências é bastante ilustrativo. Ele foi um dos primeiros títulos lançados pela Editora Fiocruz, em 1994. Esgotado, ganhou duas reimpressões, uma em 1998 e outra em 2002, igualmente esgotadas. Fora de circulação há anos, ganhou novo fôlego a partir de 2012, quando foi incluído na coleção SciELO Livros. Desde então, já ultrapassou a marca de 1 milhão de downloads, número bastante significativo, sobretudo quando comparado à média de tiragem da Editora Fiocruz, que é de mil exemplares impressos.
“Não só democráticos, os números são também reveladores ou inspiradores”, avalia Canossa. “Se mais de 20 milhões de downloads não indicam ser esse o caminho e, pelo menos por enquanto, o futuro, quais indicadores serão?”
quarta-feira, 11 de março de 2015
Fiocruz reúne todas suas publicações científicas em novo Portal de Periódicos
A Fiocruz lançou nesta terça-feira (10/03) mais um espaço para a divulgação da Ciência: o Portal de Periódicos. No mesmo ambiente web, o público terá acesso aberto e gratuito aos artigos de todas as publicações científicas editadas na Fiocruz. Com a busca integrada em sete revistas, os leitores poderão ter uma visão ampliada do conhecimento em saúde, a partir de diferentes abordagens.
A Fiocruz, em 2014 implantou sua Política de Acesso Aberto ao Conhecimento, na qual reafirma seu compromisso com a democratização do conhecimento e do acesso à informação científica. O Portal de Periódicos vem reforçar a importância da popularização da ciência, aproximando a sociedade dos temas científicos.
Para o editor da Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde, Rodrigo Murtinho, “o Portal de Periódicos da Fiocruz chega em boa hora e será um instrumento importante para ampliar o acesso à produção científica na área da saúde, e consequentemente dar maior visibilidade às revistas científicas editadas pela Fiocruz em diferentes áreas”.
Essa diversidade nas revistas científicas da Fiocruz retrata as diferentes áreas do conhecimento e atuação a que se dedica a instituição, com temas importantes para a sociedade, dialogando tanto com o Sistema Único de Saúde como com o Sistema de C&T do país.
Comunicação: “cardápio variado de conteúdos”
Além de artigos, o novo canal traz informações em diversos formatos: notícias, entrevistas, vídeos e infográficos. Para João Canossa, à frente da Editora Fiocruz, este “cardápio variado de conteúdos”, permite que a sociedade se aproprie do vasto conhecimento gerado na instituição. “Assim, esta produção pode ser utilizada pelas pessoas de outros centros de pesquisa, universidades, no trabalho, em casa, neste ou em outros países. O Portal de Periódicos tem tudo para se tornar mais uma poderosa ferramenta nesse sentido”.
Editora da revista História, Ciências, Saúde - Manguinhos, Roberta Cardoso também comemora o potencial de comunicação e interação do novo veículo com o público: “A iniciativa é ótima e tornará a divulgação das edições mais dinâmica. Também facilitará a pesquisa dos leitores interessados nos temas que publicamos”, diz.
Este benefício também é apontado pelas editoras das revistas Fitos e Visa em Debate, respectivamente. “O Portal de Periódicos será um espaço importante para dar maior visibilidade, acesso e uso aos trabalhos publicados pela Revista Fitos, o que permitirá um aumento nos fatores de impacto do conteúdo intelectual produzido na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação em fitoterápicos, com a citação de estudos ou pesquisas em trabalhos de cientistas de outras instituições”, diz Rosane Abreu. “Nós, da Visa em Debate, acreditamos na concretização e sustentabilidade do acesso aberto às revistas científicas, ampliando visibilidade e impacto das publicações. Esta é uma importante contribuição do Portal de Periódicos da Fiocruz na democratização do conhecimento”, afirma Daniella Guimarães.
via Flávia Lobato e Fernanda Marques | Fiocruz
sábado, 7 de março de 2015
A informação científica e o seu Acesso Livre: que direção o Brasil está adotando?
Bibliotecas Universitárias. Belo Horizonte, v. 2, número especial, p. 6-28, fev. 2015
O movimento Open Access, também conhecido como movimento Acesso Livre introduziu novas alternativas de acesso à informação científica aos pesquisadores. Em conseqüência, novas ferramentas de disseminação da produção científica foram introduzidas, como repositórios digitais e as revistas científicas de acesso livre. Esse movimento teve seu início em 2001. Passado mais de uma década verifica-se, hoje, a existência de mais de 2600 repositórios digitais, em diversas partes do mundo. O Brasil participou desde o início, dessa experiência, monitorando e desenvolvendo iniciativas similares. Hoje, o país, conta com 83 repositórios digitais, e cerca de mil revistas científicas de acesso livre. Este artigo analisa e discute a posição brasileira, sobre o OA, no contexto mundial baseada em conceitos que definem um repositório digital, um repositório institucional, um repositórios temático, um repositório central. Faz a avaliação da participação dos RI brasileiros no OpenDOAR ilustrando os tipos de documentos registrados nos repositórios Digitais. Apresenta as iniciativas do OA e do IBICT, bem como o nível de evolução das mesmas, discute as razões que vêm impedindo as bibliotecas universitárias de construir e manter os seus repositórios institucionais, assim como, a baixa adesão dos pesquisadores nessas iniciativas. Discute o estágio dos repositórios institucionais brasileiro, as dificuldades encontradas pelas instituições de ensino e pesquisa e enfocando alguns pontos importantes na evolução desses repositórios.
Clique aqui para o texto completo [pdf/23p.]
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
Ciência Aberta
As novas tecnologias têm invadindo de forma progressiva as salas de aula nas últimas décadas. Já são muitos, aliás, os cursos à distância, por exemplo, via vídeo-conferência. O ensino tradicional é ainda, contudo, a prioridade e, em tempos de crise, as despesas com livros e material são uma das maiores dores de cabeça para pais e estudantes. Mas… e se toda a informação necessária para o ensino fosse disponibilizada gratuitamente, sem restrições de tempo ou espaço, apenas dependente de um acesso à internet?
Desde 2008 - curiosamente no início da crise global que mergulhou boa parte do Mundo desenvolvido na austeridade - um grupo de acadêmicos dedicou-se a criar uma nova plataforma de estudo gratuito pela internet. Chamaram-lhe "Open Book Publishers" (em tradução livre: "Editores do Livro Aberto"). Já tem mais de 40 títulos publicados e alguns de autores bem conhecidos, como é o caso de Noam Chomsky. É usada em salas de aula de mais de 120 países, muitos deles subdesenvolvidos. Na Grécia, um dos países mais pressionados pela crise global, a “Open Book” é um sucesso.
com informações da Euronews - Portugal
Desde 2008 - curiosamente no início da crise global que mergulhou boa parte do Mundo desenvolvido na austeridade - um grupo de acadêmicos dedicou-se a criar uma nova plataforma de estudo gratuito pela internet. Chamaram-lhe "Open Book Publishers" (em tradução livre: "Editores do Livro Aberto"). Já tem mais de 40 títulos publicados e alguns de autores bem conhecidos, como é o caso de Noam Chomsky. É usada em salas de aula de mais de 120 países, muitos deles subdesenvolvidos. Na Grécia, um dos países mais pressionados pela crise global, a “Open Book” é um sucesso.
com informações da Euronews - Portugal
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
O Menino da Internet: a História de Aaron Swartz
O filme narra a história do jovem Aaron Swartz (1986-2013), um jovem programador norte-americano que acreditava na mudança radical do mundo através da internet e da computação. Durante toda a sua vida, Aaron usou a programação computacional como uma forma de nos ajudar a resolver problemas e tornar o mundo um lugar mais democrático, justo e eficiente. Em uma destas tentativas, Aaron irá usar a rede do MIT (Massachusetts Institute of Technology) para realizar o download massivo de milhões de artigos acadêmicos de uma base de dados privada chamada JSTOR. Nesse meio-tempo, o Ministério Público dos Estados Unidos irá conduzir um processo criminal contra Aaron, que termina por levá-lo ao suicídio.
Gênero: Documentário
Diretor: Brian Knappenberger
Duração: 105 minutos
Ano de Lançamento: 2014
País de Origem: Estados Unidos
Idioma do Áudio: Inglês
Site Oficial
IMDB
Filmow
+
Veja o que já foi publicado sobre Aaron Swartz no Pesquisa Mundi
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
Biblioteca Virtual da FAPESP é apresentada como exemplo de acesso aberto
Em conferência luso-brasileira, BV foi citada como modelo de democratização do acesso público à informação científica no Brasil (foto: Paula Hashimoto)
Por Diego Freire | Agência Fapesp
A experiência da Biblioteca Virtual (BV) da FAPESP foi apresentada como modelo de disponibilização pública da informação científica na 5ª edição da Conferência Luso-Brasileira de Acesso Aberto (Confoa), realizada em Portugal, de 6 a 8 de outubro, pela Universidade de Coimbra em parceria com o Ministério da Ciência e Educação de Portugal e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict).
O objetivo da conferência, resultado de um memorando de entendimento assinado entre os governos de Portugal e do Brasil em 2009, é promover e discutir práticas e pesquisas sobre o acesso aberto, servindo ao desenvolvimento de políticas e investigações da área.
Representando a Biblioteca Virtual, as bibliotecárias Fabiana Andrade Pereira e Paula Hashimoto apresentaram o trabalho “BV-FAPESP: um modelo de biblioteca virtual para democratização do acesso à informação pública no Brasil”, que tratou da Lei de Acesso à Informação (LAI) e das contribuições da FAPESP ao seu cumprimento.
Em vigor desde 2011, a Lei de Acesso à Informação garante aos cidadãos brasileiros o direito de acessar informações sob a guarda das instituições públicas e determina como deve ocorrer a difusão dos dados disponíveis. De acordo com a LAI, o acesso deve ser garantido por meio de mecanismos e ferramentas de pesquisa de conteúdo, para facilitar a localização da informação de “forma objetiva, transparente, clara, atualizada e em linguagem de fácil compreensão”.
De acordo com Pereira, em razão de suas características técnicas, a BV contribui para o atendimento da LAI, tornando acessível à sociedade civil a informação referencial sobre os auxílios e bolsas apoiados pela FAPESP. “A normalização técnica, o uso de tecnologias apropriadas e as informações com valor agregado à BV-FAPESP reforçam a visibilidade dos conteúdos disponíveis em suas interfaces públicas de acesso aberto, atendendo às exigências da lei e indo além ao oferecer facilidades ao usuário. Sem a Biblioteca Virtual, toda essa informação ficaria restrita aos sistemas informacionais internos da Fundação”, disse à Agência FAPESP.
Para a bibliotecária, a BV, como fonte primária de divulgação da pesquisa científica, pode servir como modelo de gestão da informação no armazenamento, organização, tratamento, disseminação e acesso aberto à informação pública. “Isso porque a biblioteca apresenta soluções eficientes no cumprimento das determinações da LAI e não possui barreiras físicas ou geográficas”, explicou.
Hashimoto destacou que a importância da BV, como canal de divulgação da informação pública, é enfatizada pela quantidade de acessos à plataforma - mais de 4 milhões em 2013. “Esses resultados se referem a visitas diretas à BV e também por meio do portal da FAPESP e de buscadores na Web, com usuários de mais de 200 países, destacando-se Portugal, Estados Unidos e Índia.”
Essa relevância também foi destacada por participantes do Confoa, contou Pereira. “A BV foi citada em outra apresentação como bom exemplo de sistematização do acesso à informação, principalmente quando comparada às outras agências de fomento federais e estaduais brasileiras, o que coloca o Brasil em uma boa posição diante da comunidade científica internacional.”
A bibliotecária acredita, no entanto, que ainda é preciso valorizar mais o acesso aberto no país. “Podemos observar que, na Europa, muitos países buscam seguir os princípios do Programa Horizon 2020. Com isso, as publicações com acesso aberto são importantes inclusive para a obtenção de financiamento e há um movimento natural dos pesquisadores para publicar nesse formato”, afirmou. “No Brasil, a disponibilização de informações ainda está muito atrelada à obrigação formal, sobretudo à necessidade de publicar em determinadas revistas para se obter méritos, mas cujo conteúdo permanece fechado para assinantes. É preciso uma mudança de cultura nesse sentido.”
Pereira e Hashimoto apresentaram no trabalho os demais canais de divulgação científica, como a Agência FAPESP, a revista Pesquisa FAPESP e o boletim interno FAPESP na Mídia. O desenvolvimento da apresentação também contou com a participação de Rosaly Fávero Krzyzanowski, coordenadora da BV, Thais Fernandes de Morais, supervisora do Centro de Documentação e Informação da FAPESP, e Inês Maria de Morais Imperatriz, bibliotecária.
Por Diego Freire | Agência Fapesp
A experiência da Biblioteca Virtual (BV) da FAPESP foi apresentada como modelo de disponibilização pública da informação científica na 5ª edição da Conferência Luso-Brasileira de Acesso Aberto (Confoa), realizada em Portugal, de 6 a 8 de outubro, pela Universidade de Coimbra em parceria com o Ministério da Ciência e Educação de Portugal e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict).
O objetivo da conferência, resultado de um memorando de entendimento assinado entre os governos de Portugal e do Brasil em 2009, é promover e discutir práticas e pesquisas sobre o acesso aberto, servindo ao desenvolvimento de políticas e investigações da área.
Representando a Biblioteca Virtual, as bibliotecárias Fabiana Andrade Pereira e Paula Hashimoto apresentaram o trabalho “BV-FAPESP: um modelo de biblioteca virtual para democratização do acesso à informação pública no Brasil”, que tratou da Lei de Acesso à Informação (LAI) e das contribuições da FAPESP ao seu cumprimento.
Em vigor desde 2011, a Lei de Acesso à Informação garante aos cidadãos brasileiros o direito de acessar informações sob a guarda das instituições públicas e determina como deve ocorrer a difusão dos dados disponíveis. De acordo com a LAI, o acesso deve ser garantido por meio de mecanismos e ferramentas de pesquisa de conteúdo, para facilitar a localização da informação de “forma objetiva, transparente, clara, atualizada e em linguagem de fácil compreensão”.
De acordo com Pereira, em razão de suas características técnicas, a BV contribui para o atendimento da LAI, tornando acessível à sociedade civil a informação referencial sobre os auxílios e bolsas apoiados pela FAPESP. “A normalização técnica, o uso de tecnologias apropriadas e as informações com valor agregado à BV-FAPESP reforçam a visibilidade dos conteúdos disponíveis em suas interfaces públicas de acesso aberto, atendendo às exigências da lei e indo além ao oferecer facilidades ao usuário. Sem a Biblioteca Virtual, toda essa informação ficaria restrita aos sistemas informacionais internos da Fundação”, disse à Agência FAPESP.
Para a bibliotecária, a BV, como fonte primária de divulgação da pesquisa científica, pode servir como modelo de gestão da informação no armazenamento, organização, tratamento, disseminação e acesso aberto à informação pública. “Isso porque a biblioteca apresenta soluções eficientes no cumprimento das determinações da LAI e não possui barreiras físicas ou geográficas”, explicou.
Hashimoto destacou que a importância da BV, como canal de divulgação da informação pública, é enfatizada pela quantidade de acessos à plataforma - mais de 4 milhões em 2013. “Esses resultados se referem a visitas diretas à BV e também por meio do portal da FAPESP e de buscadores na Web, com usuários de mais de 200 países, destacando-se Portugal, Estados Unidos e Índia.”
Essa relevância também foi destacada por participantes do Confoa, contou Pereira. “A BV foi citada em outra apresentação como bom exemplo de sistematização do acesso à informação, principalmente quando comparada às outras agências de fomento federais e estaduais brasileiras, o que coloca o Brasil em uma boa posição diante da comunidade científica internacional.”
A bibliotecária acredita, no entanto, que ainda é preciso valorizar mais o acesso aberto no país. “Podemos observar que, na Europa, muitos países buscam seguir os princípios do Programa Horizon 2020. Com isso, as publicações com acesso aberto são importantes inclusive para a obtenção de financiamento e há um movimento natural dos pesquisadores para publicar nesse formato”, afirmou. “No Brasil, a disponibilização de informações ainda está muito atrelada à obrigação formal, sobretudo à necessidade de publicar em determinadas revistas para se obter méritos, mas cujo conteúdo permanece fechado para assinantes. É preciso uma mudança de cultura nesse sentido.”
Pereira e Hashimoto apresentaram no trabalho os demais canais de divulgação científica, como a Agência FAPESP, a revista Pesquisa FAPESP e o boletim interno FAPESP na Mídia. O desenvolvimento da apresentação também contou com a participação de Rosaly Fávero Krzyzanowski, coordenadora da BV, Thais Fernandes de Morais, supervisora do Centro de Documentação e Informação da FAPESP, e Inês Maria de Morais Imperatriz, bibliotecária.
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
Repositórios Institucionais de acesso aberto: cenário nos países ibero-americanos
Informação & Sociedade: Estudos v. 24, n. 2 (2014)
Ana Paula Cocco, Rosângela Schwarz Rodrigues
Os repositórios de acesso aberto surgem como alternativa para aumentar a visibilidade da produção científica das instituições. O objetivo deste artigo consiste em analisar os repositórios institucionais de acesso aberto dos países ibero-americanos cadastrados no Registry of Open Access Repositories, por meio a) da identificação das instituições que mantém repositórios, b) da caracterização das coleções e c) da descrição dos mecanismos de apresentação dos documentos. Os procedimentos metodológicos utilizados são de natureza descritiva, exploratória, documental e quantitativa, utilizando a ficha documental como instrumento de coleta e estatística descritiva para a análise dos dados. Os resultados mostraram que, dos 180 repositórios cadastrados no ROAR como repositórios institucionais ou departamentais dos países ibero-americanos, 48,3% (87) atenderam aos critérios para inclusão no trabalho. Foi possível identificar que 36,8% (32) têm as bibliotecas e centros de documentação e informação como responsáveis pelo gerenciamento, e 83,9% (73) utilizam o software DSpace e registraram mais de 119 tipos de coleções. Na verificação dos mecanismos de apresentação e preservação, constatou-se que 94,2% (82) estão cadastrados em formato PDF, 90,8% (79) dos repositórios utilizam o serviço de identificador persistente, e 47,1% (41) utilizam as licenças Creative Commons.
Clique aqui para o texto completo [pdf / 10p.]
Imagem: Internet
sexta-feira, 26 de setembro de 2014
Grandes estreias na publicação científica
As mudanças que trarão descobertas científicas mais livres para o domínio público estão acontecendo. Já era tempo.
The Economist
Tradução livre
A informação quer ser livre
Em 2001, um encontro na área científica, realizada em Budapeste com o que era então chamado de Open Society Institute (agora Open Society Foundations) cunhou a expressão "acesso aberto". A declaração oficial do encontro pediu ao mundo para "compartilhar a aprendizagem dos ricos com os pobres e os pobres com os ricos, fazer essa literatura útil como ela pode ser, e estabelecer as bases para unir a humanidade em uma conversa intelectual comum" - em outras palavras, criar trabalhos científicos gratuitos para os usuários.
A aspiração é nobre, mas que os cínicos podem ter pensado que teriam poucas chances de vir a ser concretizadas. Os ricos, eles observam, incluem editores acadêmicos, que têm desfrutado de três séculos de domínio sobre a divulgação de trabalhos científicos e que muitas vezes têm margens de lucro que se aproximam de 40%. Eles, portanto, possuem todos os motivos para inviabilizar esta mudança.
Cinismo, no entanto, não é sempre correto. O movimento de acesso aberto que a reunião ajudou a desovar agora parece inevitável. Todos os sete conselhos de pesquisa do Reino Unido, por exemplo, exigem agora que os resultados de trabalhos pagos sejam de acesso livre, de alguma forma. O mesmo acontece com o Wellcome Trust, uma instituição de caridade britânica cujo orçamento de pesquisa médica excede a de muitos países cientificamente bem sucedidos. E em 2016 cada centavo do dinheiro público dado a universidades britânicas pelo governo deverá levar a mesma exigência.
Em outros lugares, a história é a mesma. Em 2013, após anos de discussões no Congresso dos Estados Unidos, a Casa Branca entrou em cena para exigir que as agências federais que gastam mais de US$ 100 mil ano em pesquisa, de publicar os resultados, onde possam ser lidos gratuitamente. Inúmeras universidades, sociedades e organismos de financiamento em outros países têm requisitos semelhantes.
Editores, apesar de terem arrastado muitas vezes os seus pés, estão se ajustando. Esta semana, o mais velho, a Royal Society, e sem dúvida a Nature Publishing Group (NPG) - ambos de maior prestígio com sede em Londres, se juntaram. Cada um vai agora publicar um periódico que os leitores não terão que pagar para ver.
Quem vai publicar, e quem vai perecer?
As publicações de acesso aberto, na verdade, tiveram inicio em 2000, um ano antes da reunião de Budapeste, com o lançamento, no Reindo Unido, da BioMed Central, e nos Estados Unidos, da Public Library of Science (PLOS). O modelo de negócio de acesso aberto muda o custo de produção do periódico de assinantes, tais como das bibliotecas universitárias, para os próprios pesquisadores, que pagam uma taxa de processamento de artigo para aparecer versão imprensa ou seu equivalente eletrônico. De qualquer forma, o contribuinte paga a conta no final. Mas a publicação aberta torna a pesquisa mais amplamente acessível, que é um bem público em seu próprio direito.
Um problema que o acesso aberto traz é uma mudança nos incentivos. Mais artigos publicados significa mais receitas provenientes das taxas de processamento. As taxas de rejeição são elevadas para periódicos, muitas vezes superior a 90%. O editor de acesso aberto comercial (a PLOS não é uma instituição de caridade) pode ser tentado a publicar qualquer coisa que aparecesse em seu caminho, a fim de embolsar as taxas, dando ao acesso aberto um grande calote aos acadêmicos.
Por exemplo, em uma pesquisa realizada pela NPG, de 27.000 autores de trabalhos em seus periódicos, 44% expressaram alguma preocupação com a qualidade das publicações de acesso aberto e mais de um terço concordou com a ideia de que ele foi associado a menos prestígio. No entanto, essas percepções podem ser equivocadas. Um estudo da Nature Communications (que era, até o anúncio desta semana, um híbrido entre o acesso aberto e assinatura tradicional, mas agora tornou-se puramente de acesso aberto mostra que seus documentos de acesso livre desfrutam ligeiramente de um maior número de citações e significativamente mais downloads e visualizações online do que os seus concorrentes de acesso pago.
Para promover o prestígio, campeões de acesso aberto lançaram esforços como o eLife, um periódico online com uma série de figurões acadêmicos à sua frente. Eles esperam criar uma publicação de alto nível por peso absoluto de pesquisadores importantes. Mas o eLife não pode forçar a mudança sozinho, porque a publicação com a necessária dedicação não é barata.
A Public Library of Science descobriu uma maneira de sair dessa, utilizando a abordagem quando-mais-melhor, mas de uma forma controlada. Até 2006, ela era um produtora de alto impacto, mas com publicações deficitárias. Em seguida, ela começou a PLoS One, um tipo completamente diferente de periódico. Em vez de agir como um árbitro na importância do trabalho científico, a PLoS One alega apenas garantir que os artigos são cientificamente válidos. Com menos esforço na revisão por pares, a PLoS One publica muito mais periódicos (em 2013, recebeu mais de 31 mil artigos, 36 vezes mais do que o periódico PLOS mais próximo) ao mesmo tempo, cobrando menos por eles e tornando-se mais lucrativo. A Royal Society espera aproveitar essa ideia com a sua nova oferta, a Royal Society Open Science.
Visitas gratuitas
Se a experiência da Nature Communications irá superar as desconfianças dos investigadores ninguém sabe. Apesar da exigência do Wellcome Trust que seus donatários publiquem em periódicos de acesso aberto, apenas 70% o fazem. Para assegurar a conformidade e a confiança, teve de introduzir medidas punitivas, como reter o dinheiro.
Alguns pesquisadores simplesmente não se importam, no entanto. Uma pesquisa realizada pela Taylor & Francis, um editor, perguntou aos cientistas americanos e britânicos se pretendem publicar no âmbito das políticas de acesso aberto; 44% e 32%, respectivamente, não sabem. Mais da metade respondeu que não sabiam se eles iriam publicar futuramente. Mas muitos não sabem se irão resistir.
A questão sobre o prestígio não é mera vaidade. A tabela de classificação de periódicos é tão finamente graduada como a do futebol, e, no momento, tem muito menos possibilidades de promoção e rebaixamento. Os comitês de nomeação sabem disso e, em uma exposição maravilhosa de duplipensar, promovem o acesso aberto, mas também promovem aqueles que rejeitam, por meio da publicação em excelentes periódicos de acesso pago.
Quando essas mudanças acontecerem a vitória do acesso aberto será completa. Isso pode acontecer tanto por novos periódicos de acesso aberto que adquirem os elogios necessários, quanto pelos mais velhos, visto que o jogo é de alto nível, tornando-se o livre acesso a si mesmos. Embora a Nature Communications seja uma publicação de sucesso e bem-vista, ainda não é top entre os produtos da NPG. E a Royal Society Open Science ainda não foi testada. No momento, então, tanto a Royal Society e a NPG parecem estar protegendo suas apostas. Quando os Proceedings da Royal Society, e o carro-chefe homônimo da NPG, a Nature, forem ambos gratuitos para qualquer pessoa ler, os partidários do acesso aberto realmente serão capazes de declarar vitória e irem para casa.
The Economist
Tradução livre
A informação quer ser livre
Em 2001, um encontro na área científica, realizada em Budapeste com o que era então chamado de Open Society Institute (agora Open Society Foundations) cunhou a expressão "acesso aberto". A declaração oficial do encontro pediu ao mundo para "compartilhar a aprendizagem dos ricos com os pobres e os pobres com os ricos, fazer essa literatura útil como ela pode ser, e estabelecer as bases para unir a humanidade em uma conversa intelectual comum" - em outras palavras, criar trabalhos científicos gratuitos para os usuários.
A aspiração é nobre, mas que os cínicos podem ter pensado que teriam poucas chances de vir a ser concretizadas. Os ricos, eles observam, incluem editores acadêmicos, que têm desfrutado de três séculos de domínio sobre a divulgação de trabalhos científicos e que muitas vezes têm margens de lucro que se aproximam de 40%. Eles, portanto, possuem todos os motivos para inviabilizar esta mudança.
Cinismo, no entanto, não é sempre correto. O movimento de acesso aberto que a reunião ajudou a desovar agora parece inevitável. Todos os sete conselhos de pesquisa do Reino Unido, por exemplo, exigem agora que os resultados de trabalhos pagos sejam de acesso livre, de alguma forma. O mesmo acontece com o Wellcome Trust, uma instituição de caridade britânica cujo orçamento de pesquisa médica excede a de muitos países cientificamente bem sucedidos. E em 2016 cada centavo do dinheiro público dado a universidades britânicas pelo governo deverá levar a mesma exigência.
Em outros lugares, a história é a mesma. Em 2013, após anos de discussões no Congresso dos Estados Unidos, a Casa Branca entrou em cena para exigir que as agências federais que gastam mais de US$ 100 mil ano em pesquisa, de publicar os resultados, onde possam ser lidos gratuitamente. Inúmeras universidades, sociedades e organismos de financiamento em outros países têm requisitos semelhantes.
Editores, apesar de terem arrastado muitas vezes os seus pés, estão se ajustando. Esta semana, o mais velho, a Royal Society, e sem dúvida a Nature Publishing Group (NPG) - ambos de maior prestígio com sede em Londres, se juntaram. Cada um vai agora publicar um periódico que os leitores não terão que pagar para ver.
Quem vai publicar, e quem vai perecer?
As publicações de acesso aberto, na verdade, tiveram inicio em 2000, um ano antes da reunião de Budapeste, com o lançamento, no Reindo Unido, da BioMed Central, e nos Estados Unidos, da Public Library of Science (PLOS). O modelo de negócio de acesso aberto muda o custo de produção do periódico de assinantes, tais como das bibliotecas universitárias, para os próprios pesquisadores, que pagam uma taxa de processamento de artigo para aparecer versão imprensa ou seu equivalente eletrônico. De qualquer forma, o contribuinte paga a conta no final. Mas a publicação aberta torna a pesquisa mais amplamente acessível, que é um bem público em seu próprio direito.
Um problema que o acesso aberto traz é uma mudança nos incentivos. Mais artigos publicados significa mais receitas provenientes das taxas de processamento. As taxas de rejeição são elevadas para periódicos, muitas vezes superior a 90%. O editor de acesso aberto comercial (a PLOS não é uma instituição de caridade) pode ser tentado a publicar qualquer coisa que aparecesse em seu caminho, a fim de embolsar as taxas, dando ao acesso aberto um grande calote aos acadêmicos.
Por exemplo, em uma pesquisa realizada pela NPG, de 27.000 autores de trabalhos em seus periódicos, 44% expressaram alguma preocupação com a qualidade das publicações de acesso aberto e mais de um terço concordou com a ideia de que ele foi associado a menos prestígio. No entanto, essas percepções podem ser equivocadas. Um estudo da Nature Communications (que era, até o anúncio desta semana, um híbrido entre o acesso aberto e assinatura tradicional, mas agora tornou-se puramente de acesso aberto mostra que seus documentos de acesso livre desfrutam ligeiramente de um maior número de citações e significativamente mais downloads e visualizações online do que os seus concorrentes de acesso pago.
Para promover o prestígio, campeões de acesso aberto lançaram esforços como o eLife, um periódico online com uma série de figurões acadêmicos à sua frente. Eles esperam criar uma publicação de alto nível por peso absoluto de pesquisadores importantes. Mas o eLife não pode forçar a mudança sozinho, porque a publicação com a necessária dedicação não é barata.
A Public Library of Science descobriu uma maneira de sair dessa, utilizando a abordagem quando-mais-melhor, mas de uma forma controlada. Até 2006, ela era um produtora de alto impacto, mas com publicações deficitárias. Em seguida, ela começou a PLoS One, um tipo completamente diferente de periódico. Em vez de agir como um árbitro na importância do trabalho científico, a PLoS One alega apenas garantir que os artigos são cientificamente válidos. Com menos esforço na revisão por pares, a PLoS One publica muito mais periódicos (em 2013, recebeu mais de 31 mil artigos, 36 vezes mais do que o periódico PLOS mais próximo) ao mesmo tempo, cobrando menos por eles e tornando-se mais lucrativo. A Royal Society espera aproveitar essa ideia com a sua nova oferta, a Royal Society Open Science.
Visitas gratuitas
Se a experiência da Nature Communications irá superar as desconfianças dos investigadores ninguém sabe. Apesar da exigência do Wellcome Trust que seus donatários publiquem em periódicos de acesso aberto, apenas 70% o fazem. Para assegurar a conformidade e a confiança, teve de introduzir medidas punitivas, como reter o dinheiro.
Alguns pesquisadores simplesmente não se importam, no entanto. Uma pesquisa realizada pela Taylor & Francis, um editor, perguntou aos cientistas americanos e britânicos se pretendem publicar no âmbito das políticas de acesso aberto; 44% e 32%, respectivamente, não sabem. Mais da metade respondeu que não sabiam se eles iriam publicar futuramente. Mas muitos não sabem se irão resistir.
A questão sobre o prestígio não é mera vaidade. A tabela de classificação de periódicos é tão finamente graduada como a do futebol, e, no momento, tem muito menos possibilidades de promoção e rebaixamento. Os comitês de nomeação sabem disso e, em uma exposição maravilhosa de duplipensar, promovem o acesso aberto, mas também promovem aqueles que rejeitam, por meio da publicação em excelentes periódicos de acesso pago.
Quando essas mudanças acontecerem a vitória do acesso aberto será completa. Isso pode acontecer tanto por novos periódicos de acesso aberto que adquirem os elogios necessários, quanto pelos mais velhos, visto que o jogo é de alto nível, tornando-se o livre acesso a si mesmos. Embora a Nature Communications seja uma publicação de sucesso e bem-vista, ainda não é top entre os produtos da NPG. E a Royal Society Open Science ainda não foi testada. No momento, então, tanto a Royal Society e a NPG parecem estar protegendo suas apostas. Quando os Proceedings da Royal Society, e o carro-chefe homônimo da NPG, a Nature, forem ambos gratuitos para qualquer pessoa ler, os partidários do acesso aberto realmente serão capazes de declarar vitória e irem para casa.
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