Mostrando postagens com marcador Internet. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Internet. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 26 de março de 2018

Especialistas mostram os dois lados do uso da internet na primeira infância

Para pesquisador espanhol, o importante para garantir navegação segura é mediar e restringir os conteúdos acessados e não o tempo de uso. Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que bebês tenham acesso a dispositivos digitais só depois dos 18 meses

AP Ana Paula Lisboa | Correio Braziliense


Ana Lúcia Durán, fonoaudióloga clínica e educacional, pós-graduada em psicomotricidade

Às vezes, parece que as novas gerações nascem conectadas. Com poucos meses, bebês se interessam pelo brilho, pelas cores, pelos sons e pelos movimentos em telas de celulares, tablets, computadores, televisões. Antes do primeiro aniversário, meninos e meninas conseguem usar smartphone sozinhos, “escolher” um vídeo para assistir e até pular para o próximo caso se cansem. O uso das ferramentas precede saber ler ou escrever. Por um lado, as novas tecnologias são fonte de entretenimento e informação; por outro, trazem riscos em termos de privacidade e de conteúdos inadequados para crianças pequenas. Na primeira infância, período até 6 anos, a preocupação com a internet precisa ser ainda maior, visto que, nessa fase, há menos consciência e autonomia para lidar com as ameaças da rede. Para piorar, falta regulação efetiva por parte dos pais e do sistema de educação.

É no que acredita o espanhol Lucas Ramada Prieto, estudioso de ficção digital para crianças e jovens. Ele defende a vigilância em termos de conteúdo e não de tempo de acesso. “O importante não é limitar quantas horas a criança poderá usar a rede. A Associação Americana de Pediatras, por exemplo, disse, em 2010, que era preciso limitar e, em 2016, voltou atrás. Normas rígidas de quantidade de uso não levam em conta o contexto”, comenta ele, que veio ao Brasil esta semana para participar, em São Paulo, do seminário internacional Arte, palavra e leitura na primeira infância, evento organizado pela Fundação Itaú Social e pelo Serviço Social do Comércio (Sesc).

Já a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) tem recomendações diferentes de acordo com a faixa etária na primeira infância: proibição do uso até os 18 meses e limitação de até duas por dia até os 6 anos. Fátima Guerra, doutora em educação infantil e professora aposentada da Universidade de Brasília (UnB), pondera que só observar o período gasto na rede não basta. “Estabelecer quantos minutos ou quantas horas se pode usar não resolve a questão, porque a criança ainda poderia ver algo inadequado. O ideal é que cada um estabeleça o próprio limite baseado com confiança mútua entre pais e filhos.”

No entanto, a pedagoga chama a atenção para a importância de não generalizar. “Não dá para universalizar, cada faixa etária, cada contexto, é diferente. Se o menino ou a menina começa a abusar ou descumprir o combinado, às vezes, é o caso de tirar totalmente. Criança precisa de limites e não só na questão da internet”, defende. “Não se deve ficar o dia inteiro on-line, pois há outras coisas do universo infantil igualmente importantes, como sair ao ar livre, tomar sol, brincar, relacionar-se fora da escola”, diz. “Não existe receita de bolo. Cada criança é diferente”, defende.

Lucas Ramada Prieto alerta para o perigo de pensar que há problema no uso apenas da internet. “As telas fazem parte do ecossistema de ficção, arte e cultura — que envolve livros, jogos, músicas. Estar muito imerso em uma tela é como estar muito imerso em um livro e, se vemos uma criança lendo muito, provavelmente não acharíamos ruim ou perigoso”, compara o doutor em didática da literatura pela Universidade Autônoma de Barcelona, onde é professor e membro do Gretel (Grupo de Pesquisa de Literatura Infantil e Educação Literária).

“Não é tão importante definir períodos de uso. Não há sentido, porque se trata mais de ensinar a crianças que não se pode ficar todo o tempo fazendo uma coisa só, seja usar o celular, jogar futebol, ler, seja assistir a novela. Limitar só porque é on-line não faz sentido”, argumenta. 

O principal para um uso saudável da rede mundial de computadores, na visão da professora Fátima Guerra, é estabelecer uma relação de confiança com os filhos. “Não deve ser algo de cima para baixo. Acessar a internet também não deve ser usado como prêmio, punição ou chantagem — se você fizer isso, deixo brincar no celular”, ensina a mestre em psicologia. “Tem muito pai que dá o tablet ou o celular quando quer que o filho fique quieto num restaurante ou avião. Não deveria ser esse o uso”, orienta. Outro tema polêmico é conciliar privacidade e supervisão. “O acesso paterno tem de ser conversando, olhando junto”, aconselha. Tantos aspectos complexos deixam claro para a professora da UnB que educar na era digital é muito mais difícil. “A saída é o diálogo e, se você não estabelece o diálogo e a relação de confiança desde muito cedo, não é na adolescência que conseguirá fazer isso”, aponta.

terça-feira, 20 de março de 2018

Como identificar notícias falsas #FakeNews


- Considere a Fonte
Clique fora da história para investigar o site, sua missão e contato

- Leia mais
Títulos chamam a atenção para obter cliques. Qual é a história completa?

- Verifique o autor
Faça uma breve pesquisa sobre o autor. Ele é confiável? Ele existe mesmo?

- Fontes de apoio?
Clique nos links. Verifique se a informação oferece apoio à história

- Verifique a data
Repostar notícias antigas não significa que sejam relevantes atualmente.

- Isso é uma piada?
Caso seja muito estranho, pode ser uma sátira. Pesquisa sobre o site e o autor.

- É preconceito?
Avalie se seus valores próprios e crenças podem afetar seu julgamento.

- Consute especialistas
Pergunte a um bibliotecário ou consulte um site de verificação gratuito.


Fonte: The International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA) 

segunda-feira, 5 de março de 2018

Inteligência artificial vai mudar todos os relacionamentos humanos

Para historiador, Google, Facebook e Amazon competem em revolução digital e redes sociais ficam arcaicas

O historiador Andrew Keen, durante debate da União Europeia - Mélanie Wenger/ DLD

Folha - Seus livros e artigos são um alerta sobre os perigos da internet há uma década. Como vê a rede mundial hoje?

Andrew Keen - Tenho uma visão histórica sobre a revolução digital e a vejo como outras grandes mudanças tecnológicas e culturais do passado, como a Revolução Industrial e a Reforma Protestante, mas já não gosto mais de usar essa palavra internet. 

A internet está em todos os lugares hoje em dia e provocou uma mudança profunda na forma como aprendemos, conversamos e administramos governos e os negócios.

É uma mudança tão forte quanto a Revolução Industrial, com a diferença que já não há crianças trabalhando em fábricas que cospem fumaça nem o surgimento de uma nova classe proletária.

Em vez disso, as empresas de tecnologia se tornaram as mais ricas e poderosas do planeta e estão todas concentradas na costa oeste dos Estados Unidos. Isso gerou outros níveis de riqueza e figuras como Jeff Bezos, o dono da Amazon que é talvez o homem mais rico da história.

Os humanos podem se tornar obsoletos no futuro próximo?


Não penso isso, mas precisamos entender o que está acontecendo e desenvolver novas formas de agir. Na era das máquinas inteligentes e dos algoritmos, precisamos entender o que só os humanos ainda conseguem fazer.

Leia a entrevista completa na Folha de S. Paulo

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

‘Eis o Admirável Mundo em Rede’: internet, anonimato, desumanização

A Internet é aquilo que ninguém conseguia prever

Sandro Cantante | Comunidade Cultura e Arte (Portugal)


Na Internet, ninguém sabe se tu és um cão. A frase vem associada a um cartoon da New Yorker (1993), referindo-se ao anonimato que marca as comunicações na Internet e é recuperado por Werner Herzog no seu documentário Eis o Admirável Mundo em Rede ou, no original, Lo and Behold, Reveries of the Connected World (2016). [Eis os Delírios do Mundo Conectado  no Brasil] Contrastando com esta ideia, o informático americano Danny Hillis, um dos muitos entrevistados pelo realizador alemão, relembra os tempos em que havia apenas outros dois Dannys a utilizar a Internet e que ele os conhecia aos dois. A evolução até aos tempos correntes é tão impressionante como inesperada, mas a tarefa de catalogar todos os utilizadores da Internet tornou-se impossível. Esta evolução alterou irremediavelmente o modo como comunicamos, mas considerando factores como a desumanização das interações sociais associada, serão estas mutações sinônimo de progresso?

O físico americano Lawrence Krauss, entrevistado em Lo and Behold, afirma que a Internet é aquilo que ninguém conseguia prever. Os filmes de ficção científica retratavam carros voadores e naves espaciais a explorar o Universo, mas poucos conseguiram imaginar algo que se assemelhasse ao que hoje é a Internet e ao modo como as pessoas comunicam. A busca pelo progresso está hoje no seu pico e muitas são as situações ilustradas por Herzog no seu documentário que demonstram que o ser humano não pretende desistir do aperfeiçoamento do sintético. Torna-se muitas vezes mais fácil dar valor ao veículo da comunicação, seja um computador ou um smartphone, do que ao aspecto humano que se materializa no receptor da nossa mensagem. No momento em que escrevo este texto, num de muitos cafés em Lisboa, das onze pessoas presentes apenas duas estão a ter uma conversa sem ser por meio de qualquer dispositivo. As restantes nove estão fixadas em telemóveis, tablets ou computadores, grupo onde eu próprio me incluo.


Hoje contamos com Facebook, WhatsApp, Skype, Tinder, entre inúmeras outras aplicações e plataformas que permitem conectar instantaneamente com outras pessoas localmente ou em qualquer ponto do globo. No entanto, a desumanização é uma realidade e torna-se mais comum ver um perfil, um avatar ou um simples nome a representar aquilo que é uma pessoa, sendo muitas vezes essa toda a informação que temos acerca dela. Longe está o tempo em que apenas três Dannys navegavam na Internet e se conheciam entre si, quando existia um pequeno livro com poucos centímetros de volume com todos os utilizadores da Internet. Herzog aponta que a desumanização e o anonimato da comunicação validam o ódio e o abuso, indicando o exemplo de uma família americana que recebeu de anônimos fotos da filha decapitada, depois de esta ter morrido num despiste de carro. Se somarmos os vários custos - especialmente morais - e a utilidade das várias possibilidades que nascem da Internet não é tão óbvio que o resultado seja positivo.

Um dos principais conselhos que damos aos mais novos relativamente à Internet é para não acreditarem que toda a gente é quem diz ser. Não é um perigo exclusivo da era digital, mas este é um veículo que facilita a tarefa de quem pretende tirar proveito de um anonimato quase total. Os acessos à Internet são localizáveis, os utilizadores do computador a que acederam também, mas talvez pedir às crianças que localizem o IP das pessoas com quem falam online antes de confiarem seja um conselho demasiado complexo. Dificilmente do outro lado está um cão, como brinca em 1993 a New Yorker, mas facilmente está alguém que não é quem diz ser e esta não é uma situação que afete apenas crianças. A instituição que nos pede dados bancários, que nos partilha a informação acerca do local de uma entrevista de emprego ou que nos indica onde determinado evento vai acontecer pode, com relativa facilidade, ter intenções diferentes das que parecem ser óbvias.


A web está bem viva e nunca como hoje a celebramos tanto, seja através de grandes eventos como a Web Summit ou das vantagens que nos fazem acreditar que tem a mais recente app ou mais um produto inovador. Estamos a explorar a realidade virtual na expectativa de encontrar o que não é possível ver no mundo que nos rodeia e perdemo-nos no que nos surge do outro lado de um ecrã, seja qual for o seu tamanho. Esta é a opinião também de Herzog, que nos mostra o caso de jogadores de videojogos que procuram reabilitação, apresentando casos como o de um casal coreano que deixou morrer o filho bebé por esquecimento, enquanto evoluíam a sua personagem num jogo online. Todos os ganhos que temos deste avanço tecnológico contrastam com as perdas a nível de comunicação e de humanização. Até podia mesmo estar um cão do outro lado do avatar que nos surge num jogo online, na foto de uma rapariga sorridente numa rede social ou no detentor do canal de YouTube que adoramos seguir, mas a verdade é que isso deixou de interessar.

Nos capítulos Life Without the Net e The End of the Net, Hergoz procura perceber como será a vida na eventualidade da Internet deixar de existir. O maior problema é o caráter viciante que está associado ao mesmo, podendo o ser humano não saber como voltar atrás, especialmente no caso de gerações que nasceram já num mundo em que a Internet é uma realidade. O que nos é pedido agora e cada vez mais é que nos adaptemos às novas formas de comunicar ao mesmo tempo que se procuram mecanismos para combater aspectos negativos como os que foram aqui listados. A Internet evoluiu, ultrapassando os limites controláveis que são apresentados por Danny Hillis na forma de uma pequena comunidade digital, sendo esta hoje a realidade de uma percentagem bastante significativa da população global. Podemos estar longe de um mundo onde duas pessoas nunca precisem de se cruzar, mas esse parece ser um dos objetivos últimos que a Internet pretende atingir. Não é um cenário tão difícil de imaginar no futuro que o mesmo café onde me encontro possa ser habitado exclusivamente por pessoas ligadas em rede, recebidas por sistemas computorizados inteligentes. Evolução? Sem dúvida, é fascinante o que conseguimos atingir nas ultimas décadas. Progresso? Dificilmente.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

O algoritmo imoral


Não existe neutralidade técnica ou axiológica nas redes sociais e buscadores como pretendem. Os resultados são frequentemente manipulados

por Carlos Alves Muller | O Globo

Há dias, “The Australian”, um dos principais jornais da Austrália, publicou reportagem sobre um documento da filial do Facebook sobre como identificar adolescentes emocionalmente frágeis. A “metodologia” teria sido oferecida a anunciantes como ferramenta de marketing segmentado, procedimento passível de ser enquadrado criminalmente como abuso contra pessoa vulnerável.

O Facebook respondeu que “não oferece ferramentas para chegar a pessoas com base em seu estado emocional”, mas admitiu a existência de uma “análise, feita por pesquisador australiano com o objetivo de ajudar marqueteiros a entender como as pessoas se expressam no Facebook”.

Não é a primeira vez que o Facebook, como outras redes sociais e buscadores, recorre a chicanas para eximir-se de responsabilidade. Foi o que ocorreu com recentes casos de assassinato (de um idoso nos EUA, e de um bebê, na Tailândia) cujas imagens foram postadas ao vivo; com grupos de pedofilia no mesmo Facebook, como denunciado pela BBC, e com anúncios (inclusive públicos), exibidos em sites promotores de ódio e terrorismo. E é o caso da propagação em escala industrial de notícias falsas e fraudes nos dados de visualização de publicidade, com o uso de robôs.

O argumento para eximir-se de responsabilidade é tão falso quanto a “notícia”: “Marisa fotografada na Itália. Morte da mulher de Lula é mentira, Entenda!”, difundida pelo site “Pensa Brasil”, notória fonte de notícias falsas, como revelado pela “Folha de S.Paulo” em 19/2 último. Não por acaso, se você digitar “Pensa” no Google, como fiz em 07/5, a primeira opção oferecida pelo buscador é... “Pensa Brasil”.

Não há neutralidade técnica ou axiológica nas redes sociais e buscadores como pretendem. Os resultados são frequentemente manipulados.

São provas disso o processo contra o Google que tramita na União Europeia, evidenciando que sites de negócios do próprio buscador têm prioridade sobre os dos concorrentes, e as notícias falsas disseminadas pelo Facebook na campanha eleitoral americana.

O argumento também é falso porque alega que “é o algoritmo...”. Ocorre, assim, uma antropomorfização de um programa de computador, ao mesmo tempo transformado em força telúrica contra a qual os mortais nada podem. Já os humanos que o desenvolveram e tomam as decisões nas empresas perdem a humanidade, escravos de uma “inteligência artificial”.

Na verdade, algoritmos fazem o que foram programados para fazer. É possível criar parâmetros para que façam algumas “opções”, mas tão limitados que o algoritmo tanto ignora a pedofilia em certas imagens (exceto as muito explícitas) quanto censura foto de campanha de aleitamento materno porque associa seio à mostra a pornografia. Correções de casos como estes só acontecem quando cobradas por internautas.

O problema de fundo é que só humanos podem discernir o que algoritmos não detectam. Redes sociais e congêneres se negam a reconhecê-lo, pois isso implica admitir que são empresas de mídia e não plataformas (o que tem consequências, inclusive jurídicas), abala seu “modelo de negócio”, causando uma explosão de custos. É preciso gente para produzir e editar conteúdo, evitando que crimes sejam praticados e exibidos, para que o anúncio vá para o público desejado, e não para outro seguidor de canais criminosos. É preciso gente habilitada para fazer jornalismo conforme as boas práticas numa sociedade democrática. E é preciso gente educada e com senso crítico para entender a importância dessas diferenças e não aceitar o que o algoritmo imoral lhe oferece.

Carlos Alves Müller é jornalista e consultor da Associação Nacional de Jornais

terça-feira, 4 de abril de 2017

Eles são desconectados por opção mesmo em tempos de internet


País em que, segundo as estatísticas, o número de aparelhos celulares chega a ser maior do que o de habitantes; onde mais da metade da população tem acesso à internet, e um contingente de proporções gigantescas mantém contas em redes sociais, há pessoas que não aderiram ao uso da tecnologia digital. Eles não gostam (até porque não se consideram) de ser chamados de "desplugados", "alienados". São, por assim dizer, refratários conscientes à aplicação das ferramentas hoje disponibilizadas. Mais do que isso, não criticam e respeitam a opção daqueles que incorporaram o emprego dos dispositivos, programas e aplicativos à rotina. 

Professora, Cássia Nascimento cultiva um hábito do qual muitos abriram mão por conta da evolução tecnológica: ela escreve cartas à mão. Destaca, no entanto, que faz isso em ocasiões especiais e que mantém conta em correio eletrônico. Na prática, Cássia costuma, ainda que com menos frequência, enviar cartões às pessoas com quem se relaciona. 


Explica que o gesto denota mais pessoalidade e consideração. "Escrever de próprio punho é um gesto de carinho, demonstra o quanto gostamos de alguém." Até por praticar esse conceito, Cássia procura transmiti-lo aos alunos. "É curioso, mas as crianças com quem trabalho entendem e até gostam de se corresponder assim também. Claro, elas convivem com as mesmas ferramentas, usam os mesmos dispositivos, mas sabem valorizar outras formas de expressão, como os cartões." 

Cássia também não mantém página em rede social. "Não vejo necessidade. Acho que o espaço poderia ser melhor aproveitado, mas respeito a escolha de quem usa. Até para não me expor e discutir assuntos que pouco acrescentam, prefiro ficar distante, o que não me impede de me manter informada e acompanhar tudo o que acontece." 

Sem internet para as crianças 

Na casa do fotógrafo Luiz Antonio Setti de Almeida o uso da internet foi abolido. Pai de seis filhos, ele entendeu que a medida foi a mais indicada para evitar que as crianças tenham acesso a conteúdos impróprios e entrem na zona de conforto que leva muitos a não estudarem. Além disso, Setti aponta a distância do vício de ficar o tempo todo plugado como fator que levou em conta para adotar a postura. 

Ele não considera que a decisão tenha sido radical, menos ainda usou de arbitrariedade. "Conversei e expus para eles as razões e tudo correu sem problemas. Existe o tempo certo para usar a internet. Eles têm jogos como qualquer criança, mas optamos por controlar esse comportamento." 

Com isso, Luiz Setti conseguiu liberar os filhos do uso excessivo da rede mundial de computadores. Não fosse por tudo isso, ele mantém em casa um acervo de livros que são consultados para trabalhos escolares. "Aqui, eles podem estudar e desenvolver na prática o aprendizado. Hoje, ficou muito fácil e cômodo para os adolescentes fazerem lição e outras tarefas. Basta digitar no buscador, e o dever aparece pronto. Isso não agrega conhecimento algum." 


De precursor a desconectado 

O psicoterapeuta e escritor José Carlos de Campos Sobrinho teria motivos de sobra para utilizar ferramentas tecnológicas, se assim o quisesse. No começo dos anos 90, quando a internet era aplicada em escala bem menor (na realidade, apenas para fins específicos; a "estreia" propriamente dita ocorreria em 1995), ele foi surpreendido com um presente dado por sua sobrinha: um modem. 

"Zeca", como é mais conhecido, foi praticamente um precursor no uso da rede mundial de computadores mas as coisas pararam por aí. Hoje, em tempos de plena efervescência digital, não usa celular, nem mantém perfil nas redes sociais. Possui uma conta de e-mail da qual se socorre esporadicamente apenas para aquilo que julga essencial. 

Sobre o telefone, aliás, ele conta outra curiosidade: quando clinicava, costumava portar um BIP, nome dado ao dispositivo eletrônico pelo qual era contatado. O aparelhinho, que José Carlos chama de "avô do celular" porque antecedeu à tecnologia dos telemóveis, era acionado por uma rede de transmissões via rádio. Muito popular lá pelos idos de 70 e 80, hoje não passa de recordação. 

Como, então, o personagem desta matéria se comunica? "Eu falo", responde ele de pronto para zoar com o repórter. Fala, gesticula, acena, emite sinais, recorre a códigos, mas não usa celular. "Quem precisa me contatar, liga para minha casa ou para o consultório. Não faz a menor falta", acrescenta. José Carlos está longe de ser um desplugado, não critica, menos ainda patrulha aqueles que não sabem viver sem a parafernália eletrônica. "Só entendo que não preciso somar com a maioria." 

O entrevistado aponta inconvenientes provocados pela onda digital. "Hoje, se o jovem sai de casa, é contatado pelo telefone e não atende, acaba estabelecendo o desespero entre seus pais." Em relação à rede social, José Carlos, considera que esses ambientes pouco ou quase nada agregam. "Na verdade, se alguém fizesse um mapeamento criterioso, descobriria que mais de 90% daquilo que é postado não faz o menor sentido. Quando uma pessoa coloca ali algo que sabidamente não está correto, que ultrapassa a barreira do absurdo, por mais incrível que possa parecer, a besteira é amplificada. São centenas de curtidas, de compartilhamentos e a ignorância ganha espaço. Legal que Umberto Ecco tenha dito que a internet é o espaço que deu voz aos imbecis." 

O escritor aponta a intolerância como outro fator que faz da rede social um campo de batalha, um ambiente que dissemina o ódio. José Carlos diz que tudo do que precisa são os livros que compõem o acervo da biblioteca instalada em seu consultório. "Eles me mantêm mais atualizado. E sempre." 


Conectividade em excesso pode aumentar a ansiedade e gerar depressão nos usuários 

Por que num cenário de predominância dos recursos tecnológicos ainda existe quem relute ou prefira não se integrar a essa onda? Como explicar que muitos não usem telefone celular, correspondam-se por meio de cartas, ou ignorem o WhatsApp e outros meios de interatividade? 

Com a palavra, o professor de Mídias Digitais da Universidade de Sorocaba (Uniso), Wilton Garcia, segundo quem "há diversas maneiras de usufruir das tecnologias emergentes sem necessariamente ficar refém delas." Não há, ele acrescenta, uma obrigação de se adquirir telefone celular, por exemplo. 

"É preciso ficar atento aos desafios de (re)considerar o apelo publicitário do mercado de tecnologias e a alarmante cultura digital. Esta última traz benefícios (comunicação, informação, etc.), mas também malefícios (ansiedade, depressão, etc.). A lógica do imediatismo e da dependência informacional deixa muita gente descontrolada para acessar, a todo instante, as redes sociais. E, depois, o que fazer com esses dados, que são rapidamente descartáveis?" 

Garcia diz que não existe uma demanda única na vida. "Importante é o bem-estar. Por isso, a felicidade está em várias experiências contemporâneas distintas, sem a necessidade absurda de fazer parte, de modo tão radical, da vida alheia com o uso da internet. Estar livre de situações embaraçosas, por exemplo, pode ser uma justificativa plausível para se viver bem, sem atropelos." 

"Todavia, nas redes sociais, interessam somente os números de seguidores, clicks ou likes. Por isso, a condição humana apenas ilustra como temática dos debates virtuais, espaço de agenciamento/negociação de uma representação numérica qualquer cujos dados formatam uma anotação sistêmica na dinâmica tecnológica." 

A leitura do especialista permite comparar o ambiente virtual àquilo que Shakespeare chamou de "um infinito de nadas". Embora muitos não se deem conta, a interação na era digital é quase nenhuma. 

Invasão de privacidade 

Outro aspecto a ser considerado em se tratando do uso da tecnologia nesse contexto está relacionado à onda de ataques discriminatórios virtuais que fez muita gente reconsiderar e se desplugar da rede. Wilton Garcia diz que eles, os ataques, "são formas inadequadas de pensar sobre as relações humanas. As pessoas (o usuário-interator) confundem muito entretenimento com informação. Isso são instâncias distintas, mas provocam sérios problemas". Nas redes sociais, ele continua, as pessoas sentem mais liberdade de pronunciar o que não devem, porque estão distantes. 

Por outro lado ainda, é sabido que o acesso à internet e o uso de telefone celulares não garantem a privacidade. Para o estudioso, "vida pública é o oposto da vida privada". "No contemporâneo, o público predomina mediante a exibição da vida cotidiana. Há enorme dificuldade de se manter a privação da vida, uma vez que é comum a vontade de se tornar celebridade (ou famosos), além do complexo sistema de vigilância virtual, em que as pessoas são expostas, e exibidas quase como mercadorias.

via José Antonio Rosa | Jornal Cruzeiro

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Crítica | Eis os Delírios do Mundo Conectado


Se verificarmos com cuidado a carreira de Werner Herzog em retrospecto, perceberemos que o cineasta alemão, apesar de ter se notabilizado com obras de ficção como Aguirre, a Cólera dos Deuses, O Enigma de Kaspar Hauser, Stroszek e Fitzcarraldo, é, fundamentalmente, um documentarista. Desde 1970, ele vem legando ao mundo suas fantásticas visões sobre os mais diversos assuntos que comentam a Humanidade de uma forma ou de outra, desde corajosos médicos que levam tratamento para regiões inóspitas da África, passando pela trágica biografia de um homem que passou sua vida em meio a ursos selvagens até um olhar sobre os primórdios do Homem a partir das pinturas rupestres na caverna de Chauvet.

Eis os Delírios do Mundo Conectado é sua visão lírica, mas preocupada sobre o quanto somos dependentes da tecnologia, mais especificamente da internet. Como o título original e o em português tentam dar a entender, o que vemos no documentário são quase que devaneios sobre o passado, presente e futuro da tecnologia, em uma visão que não condena, mas também não aplaude os vários acontecimentos desde o fatídico dia em que, em 1969, a primeira mensagem foi enviada de um computador a outro separados por 400 milhas de distância. Que mensagem foi essa? “Lo”, pois a intenção era escrever LOG, mas a “rede” caiu e “LO” virou um termo profético, já que é costumeiramente usado na inglesa na expressão lo and behold, que significa “e eis” (em um contexto de surpresa e estupefação) e que  dá nome ao documentário.

Herzog, que também faz as vezes de narrador e entrevistador, dividiu seu longa em dez curtos capítulos, um sobre um assunto diferente dentro da proposta. Com isso, ele manipula aquilo que a Internet e a facilidade de acesso à informação acabou criando no inconsciente coletivo: nossa incapacidade em geral em lidar com narrativas longas. Ao quebrar sua história em 10 segmentos de poucos minutos, Herzog garante - ou espera fortemente - que nossa atenção não se perderá e sua mensagem será passada.

Por outro lado, os poucos minutos impedem que as questões ganhem qualquer tipo de desenvolvimento e profundidade. Novamente uma característica do tipo de informação que as pessoas normalmente procuram, bastando notar como é comum lermos apenas as manchetes de uma notícia (ou as estrelas em uma crítica como esta), mas creio que, aqui, Herzog tenha perdido a oportunidade de mergulhar em questões controversas como a cultura hacker, a circulação de imagens sem autorização do fotografado, os possíveis efeitos de um mundo repentinamente sem internet, o desenvolvimento da inteligência artificial dentre outras.

O que ele faz - e claramente foi de propósito - é jogar as questões. Ele se recusa a dar soluções ou a dar sua própria impressão sobre as matérias que seu documentário lida. É como aquele professor de faculdade que levanta a boa para seus alunos, então, discutirem entre si durante toda a aula. Sem dúvida é uma forma de se abordar matérias importantes e sem dúvida seu longa leva à discussões potencialmente interessantes, mas é como se Herzog tivesse feito um esforço sobre-humano para trazer os assuntos da maneira mais básica possível, quase que como um “assuntos quentes da Internet for dummies“.

Considerando o calibre do diretor, algo que é visto em suas magníficas composições nas entrevistas estáticas ao longo do filme, com especial destaque para o quadro surrealista que “pinta” com uma família que perdera uma das filhas em acidente automobilístico, ele talvez pudesse ter trazido algo mais detalhado para seu público. Quando ele começa cronologicamente com a origem da Internet, parece que ele fará algo de teor mais histórico, mas logo no capítulo seguinte ele pula para questões polêmicas (uma delas particularmente ininteligível sobre a arquitetura da internet na visão de um de seus pioneiros) e não para mais, em uma sucessão de assuntos conectados unicamente pela questão macro de seu documentário.

Não esperava, de forma alguma, um mergulho técnico em cada matéria, mas algo fosse um meio termo, um compromisso entre a matéria do Fantástico e a análise dedicada de uma série do Discovery Channel. Herzog tinha capacidade para isso, sem dúvida, mas decidiu trilhar um caminho que, se não chega a desapontar, pelo menos leva o espectador com senso crítico a coçar a cabeça em dúvida.

E de forma alguma, com isso, eu quero dizer que Eis os Delírios… é comparável a uma matéria do Fantástico, mas apenas que o diretor mirou baixo demais e acabou gerando uma obra de pouco valor intrínseco. Bastaria, por exemplo, que ele tratasse de metade dos assuntos no dobro do tempo para cada um. Ou se ele usasse algum tipo de linearidade no desenvolvimento histórico da internet, sem pulos quase que aleatórios. Ou mesmo se ele tornasse os comentários dos entrevistados menos utópicos e mais diretos, como é o caso da fascinante - mas curta - entrevista com a celebridade hacker Kevin Mitnick.

Eis os Delírios do Mundo Conectado é bem menos do que poderia ter sido, mas não deixa de ser entretenimento bem acabado e que pode levar a conversas interessantes se o espectador não tiver sua atenção desviada por tuíte de um amigo ou a mais nova atualização de status no Facebook de alguém que segue. Mas sobre o que mesmo estava falando?

Eis os Delírios do Mundo Conectado (Lo and Behold, Reveries of the Connected World, EUA - 2016)
Direção: Werner Herzog
Roteiro: Werner Herzog
Com: Lawrence Krauss, Kevin Mitnick,  Elon Musk, Sebastian Thrun, Lucianne Walkowicz, Robert Kahn, Ted Nelson, Hilarie Cash, Christina Catsouras, Sam Curry, Leonard Kleinrock, Tom Mitchell
Duração: 98 min.

via Plano Crítico

sábado, 12 de novembro de 2016

Quando a internet é a melhor biblioteca


Os 168 milhões de smartphones em uso no país são a principal forma de acesso à internet para o usuário doméstico, atestam os dados da Fundação Getulio Vargas. Nesse papel de porta de entrada para a internet, os smartphones se tornaram ferramenta indispensável para diversas atividades - inclusive a leitura.

Segundo o instituto Pew, o número de pessoas que leem em smartphones e tablets está crescendo continuamente, superando aparelhos específicos para leitura, como o Kindle, da Amazon. De acordo com o instituto, esse resultado demonstra que os celulares estão tornando a leitura digital mais acessível para a população.

Reflexos dessa popularização já podem ser vistos no mercado de publicações digitais. A atividade de e-publishing, que engloba livros, revistas e jornais digitais, está em franco crescimento. No Brasil, a expectativa é que o faturamento do segmento supere 435 milhões de reais, de acordo com previsões do instituto Statista. Espera-se ainda um aumento de cerca de 10% ao ano, resultando em um mercado valorizado em mais de 700 milhões de reais na próxima década.

O crescimento do segmento chama a atenção dos grandes players do mercado. O Grupo Abril, que edita VEJA, lançou em outubro o Go Read, plataforma de assinatura de revistas digitais que já conta com mais de 100 títulos disponíveis para leitura - todo o catálogo é disponibilizado ao usuário mediante pagamento de uma mensalidade única. As revistas podem ser acessadas por meio de um aplicativo.

A plataforma é a evolução de um produto já existente, o Iba Clube, que já apresentava crescimento considerável no número de assinantes - o faturamento da ferramenta aumentou 40% de 2014 para 2015.

A estratégia é semelhante à de outras empresas inseridas na economia on demand, composta por serviços e produtos digitais capazes de suprir uma necessidade ou um desejo do consumidor por meio do acesso imediato e conveniente. O sucesso das plataformas de streaming de filmes e séries, com milhões de usuários espalhados pelo mundo, não deixa dúvidas do potencial desse formato de consumo de conteúdo online.

Veja
via Blog do Galeno

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

GifCities preserva todos os GIF da história da Internet


Temos assistido nos tempos mais recentes à recuperação de formatos de ficheiros ou até mesmo funcionalidades que nos remetem para a era dos PC da década de 80 e 90, assim como para os primórdios da Internet.

Os GIF, imagens que proporcionam alguns segundos de animação, tiveram o seu apogeu com o surgimento da Internet, e foram recurso usado (às vezes excessivamente) nas páginas da GeoCities, o primeiro serviço de alojamento de páginas de Internet grátis.

Hoje em dia os GIF voltam a fazer furor e a servir para ilustrar milhões de conversações em cada segundo nas mais variadas redes e sites. Para ajudar a recuperar os melhores GIF de todos os tempos o site GifCities, divisão do conhecido repositório The Internet Archive, conta com os melhores conteúdos de todos os tempos e que não serão perdidos algures nas intermináveis redes de cabos que unem os computadores e outros dispositivos similares por todo o mundo.

Este projeto especial nasceu por ocasião da celebração dos vinte anos do The Internet Archive, e conta com mais de 4,5 milhões de GIF oriundos da base de dados da GeoCities, contando cada uma destas imagens com o link para a página onde se encontrava alojado.

Fonte: Mais Tecnologia

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Biblioteca virtual do Google é considerada legal nos EUA

Google: a 2ª Corte de Apelações em Nova York rejeitou as acusações do sindicato dos escritores e vários escritores individuais

Reuters | Exame
Imagem: Internet

Um tribunal de apelações dos Estados Unidos decidiu nesta sexta-feira que os esforços do Google de escanear milhões de livros para uma biblioteca online não violam a lei de direitos autorais, rejeitando acusações de um grupo de autores de que o projeto os privaria ilegalmente de receitas.

A 2ª Corte de Apelações em Nova York rejeitou as acusações do sindicato dos escritores e vários escritores individuais, afirmando que o projeto do Google fornece um serviço público sem violar leis de propriedade intelectual.

Os autores processaram o Google, cuja companhia controladora é agora denominada Alphabet, em 2005, um ano depois de o projeto ser lançado.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A Enciclopédia


Arrisque a navegar pela rede em busca de um tesouro mais valioso e menos efêmero que a simples diversão, busque o tesouro do saber.

por Dyego Emanuel G. Quadros | Jornal da Manhã
Imagem: Internet

Quando era criança e precisava pesquisar sobre determinado assunto seja por obrigação escolar ou por pura curiosidade tinha que me dirigir até uma biblioteca onde eu poderia pesquisar em livro enormes chamados enciclopédias, que tratavam dos mais diversos assuntos. Era muito interessante as vezes folhar as páginas destes livros a sensação era de agregar conhecimento de ter mais conteúdo abrir horizonte a novos assuntos.

Hoje temos milhares de bibliotecas virtuais no mundo todo ao alcance de nosso dedos através da internet, mas quantos de nós utilizamos a internet com este intuito? Recentemente vi uma propaganda de uma empresa que dizia estar levando a internet a crianças que não possuem acesso, e mesmo sem acesso faziam trabalhos maravilhosos e criativos e então perguntava “já pensou o que ela poderia fazer se tivesse internet?”

Esta pergunta me indagou e nossas crianças que tem internet como a estão utilizando? O que estão realizando de espetacular? Tendo muito mais acesso a informação do que grandes cientistas do século passado, a uma grande velocidade e a sua disposição no conforto do seu lar. A pergunta é pertinente pois muitos adultos também não utilizam esta ferramenta para a pesquisa ou aprendizado a internet para a grande massa se resume a entretenimento. Podemos comparar a uma máquina de lavar roupas que é utilizada como balcão, pode até servir muito bem como balcão mas a máquina tem potencial para ser muito mais.

Portanto a dica da coluna desta semana é mergulhar mais profundo nesta maravilhosa ferramenta que nos possibilita ter acesso ao conhecimento de diferentes formas sejam vídeo-aulas, e-book ou pesquisa nos mais diversos canais voltados para o compartilhamento de informações. Arrisque a navegar pela rede em busca de um tesouro mais valioso e menos efêmero que a simples diversão, busque o tesouro do saber.


terça-feira, 15 de setembro de 2015

Alunos brasileiros estão na lanterna em ranking de habilidades digitais, diz OCDE


Daniela Fernandes | BBC
Imagem: Internet

Os alunos brasileiros estão nas últimas posições em um ranking de 31 países que avaliou a habilidade de navegar em sites e compreender leituras na internet elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O relatório Estudantes, Computadores e Aprendizado: Fazendo a Conexão, realizado no âmbito do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) da OCDE de 2012, resultou do primeiro estudo da organização que analisa as competências de alunos na área digital.

O Brasil ficou na antepenúltima posição no ranking, à frente apenas dos Emirados Árabes e da Colômbia.

Os melhores resultados foram obtidos pelos alunos de Cingapura, Coreia do Sul, Hong Kong, Japão, Canadá e Xangai.

Computador na escola
Os resultados desses países (ou cidades) refletem os que foram obtidos no PISA de 2012 para avaliação de leitura em papel, "o que parece indicar que um bom número de habilidades úteis para navegar na internet pode também ser ensinada e adquirida por meio de técnicas de leitura clássicas", diz a OCDE.

O estudo sugere que o acesso e uso de computador importa menos no desenvolvimento da capacidade de navegação e leitura online do que um bom preparo básico. Sugere também que a habilidade para navegar na internet pode ser ensinada e adquirida com a ajuda de pedagogias e ferramentas tradicionais.

Os dois primeiros do ranking, os alunos de Cingapura e da Coreia do Sul, utilizam menos computadores na escola - apenas 70% dos alunos usam computador, no caso de Cingapura, e 42% na Coreia do Sul - do que a média dos países da OCDE - de 72%. Não há esse dado sobre o Brasil no estudo.

Segundo a organização, "o fato de assegurar que cada aluno atinja um nível de competências de base em leitura e matemática contribuirá mais para a igualdade em um mundo digital do que o simples fato de ampliar ou subvencionar o acesso a serviços e aparelhos de alta tecnologia".

"A leitura online solicita as mesmas competências que a leitura em papel. No entanto, é preciso acrescentar uma capacidade suplementar, que não é das menores: a de saber navegar entre páginas de texto e discernir as fontes pertinentes e dignas de confiança entre um número de informações aparentemente infinito", afirma o estudo.

Navegação
Para avaliar as habilidades na internet, os alunos - de 15 anos - tiveram de navegar por textos online através de links, atalhos e comandos de navegação para ter acesso à informação solicitada, além de criar um gráfico a partir de dados ou utilizar calculadoras na tela do computador.

Os pesquisadores analisaram o número de etapas para buscar informações e também a capacidade para navegar de maneira focada na busca por determinados assuntos (clicando corretamente, por exemplo, na sequência de páginas que permitiam realizar a tarefa solicitada).

O documento revela que mesmo os países que investiram consideravelmente nas tecnologias da informação no sistema educacional não tiveram nenhuma melhoria notável dos resultados nas avaliações de compreensão da escrita, matemáticas e ciências do PISA.

"Os sistemas escolares devem encontrar soluções mais eficazes para integrar as novas tecnologias no ensino e no aprendizado", afirma Andreas Schleicher, da direção de educação e competências da OCDE.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Onde buscar quando nem o Google tem a resposta?

Como encontrar informações confiáveis com uma ferramente que indexou mais de 1 bilhão de páginas?

Da BBC Mundo

Se um novo ditado popular fosse criado, poderia ser algo como "se não está no Google, não existe".

Mas a afirmação gera dúvidas. O que fazer quando você não encontra o que procura no Google?

O gigante de tecnologia criado pelos americanos Larry Page e Sergey Brin no final da década de 1990 indexa mais de 1 bilhão de páginas da web.

Mas, às vezes, quando não conseguimos encontrar exatamente o que queremos usando a ferramenta de busca mais famosa do mundo, temos de recorrer a buscadores especiais, não tão conhecidos mas muito úteis. Veja abaixo alguns deles.

Informação científica
Um dos grandes problemas da web é separar quais são as informações relevantes.
Às vezes o usuário pode estar interessado em encontrar informação especializada ou científica, que tenha veracidade garantida. Ao procurar no Google, ele poderá navegar durante horas por páginas de economistas, curandeiros, biólogos entre outros, tudo misturado.

Uma forma de encontrar pesquisas sérias sobre matérias acadêmicas é navegar em portais que compilam esse tipo de informação especializada, vinda de pesquisadores de universidades e outras instituições famosas.

Para informações acadêmicas de qualidade e evitar páginas de charlatões ou curandeiros, o melhor é recorrer ao Social Research Network

Para quem se interessa por ciências sociais, é possível buscar estudos de economia, direito, humanidades etc, no portal Social Science Research Network, que, todos os anos, é listado entre os melhores do Ranking Web of Repositories.

Se o assunto são as ciências naturais, os estudos de melhor qualidade podem ser encontrados, por exemplo, em scienceresearch.com, que usa uma "tecnologia de busca federada" para oferecer bons resultados em tempo real, afirma o site.

Também é possível encontrar informações especializadas nas pesquisas da América Latina graças ao site Red de Repositorios Latinoamericanos, coordenado pela Universidad de Chile.

Buscador de tuítes
As redes sociais já são um elemento-chave na internet. Os estudos mostram que cada vez mais elas consomem a maior parte do tempo que passamos conectados.

Milhões de mensagens são enviadas em todas as direções, todos os dias e um bom exemplo é o Twitter.

Segundo os dados da rede de microblogging, são postados cerca de 500 milhões de tuítes diariamente e tentar encontrar uma mensagem específica no meio de tudo isso pode ser uma dor de cabeça.

Para resolver o problema existe o Topsy, um buscador que permite localizar tuítes postados a partir do ano de 2006.

É possível buscar tuítes sobre um tema específico, de um usuário em particular, incluir palavras-chave etc. E a versão básica é gratuita.

Fotos livres de pagamento de direitos autorais
O Google tem milhões de fotos: grandes, pequenas, bonitas, feias, de gosto duvidoso e dos temas mais variados.

O problema é que, se alguém precisa de fotos para um blog pessoal, para uma apresentação na empresa ou para um trabalho universitário, pode não ser fácil encontrar fotos livres de direitos autorais. Usar estas fotos sem a liberação do autor pode infringir leis e custar muito dinheiro.

Para buscar fotos livres de direitos o buscador creativecommons.org é muito útil pois rastreia imagens com licenças gratuitas de organizações independentes.

Mas, não é apenas isto. O site também oferece a busca de músicas, vídeos e textos também livres.

Privacidade
Uma das grandes polêmicas envolvendo o Google é a privacidade. Esta ferramenta faz com que deixemos informações em suas buscas ou nas contas do Gmail.

Privacidade é um dos problemas envolvendo o Google e o Gmail

Se a pessoa busca uma marca de sapatos, logo vão aparecer propagandas de sapatos por toda parte. E sobre o que você escreve em seus e-mails... melhor deixar a própria companhia falar.

"As pessoas que utilizam o correio eletrônico hoje em dia não devem se surpreender se seus e-mails são processados pelo provedor de corrio eletrônico no decorrer da entrega", admitiu a companhia em um julgamento pela acusação de espionagem de usuários nos Estados Unidos.

Uma alternativa para navegar com confidencialidade é o buscador duckduckgo.com, que garante que não registra a informação do usuário.

Criado em 2011 pelo cientista Gabriel Weinberg, a empresa garante que cifra a transmissão de dados e não usa cookies para coletar informações sobre a localização do usuário. E não revela buscas.

Buscas no passado
Outros problema na hora de fazer buscas na internet é que, às vezes, você busca algo que encontrou uma vez e, quando vai procurar de novo, foi apagado.

Para resolver isto existe o buscador waybackmachine que, na verdade, é um arquivo de internet que oferece estes conteúdos desaparecidos.

Esta ferramenta existe desde 1996 e, neste período, já arquivou mais de 40 bilhões de páginas.

Com este buscador é possível navegar ao passado e ver como era um site, e o que ele dizia, em um momento específico da história.

Outras ferramentas permitem a busca de páginas do passado

Para isto, basta colocar o nome da página e escolher os arquivos disponíveis em um calendário que identifica os momentos que se fez uma cópia da mesma para a posteridade.
Cuidado com as fotos!

Geralmente buscamos fotos escrevendo algumas palavras chave que nos mostram as imagens relacionadas. Mas, e quando precisamos saber quando uma foto foi publicada antes ou não?

Para isto existe o Tin Eye, uma ferramente que promete justamente este tipo de busca gratuitamente: coloque uma foto ou o link da foto e o buscador informa onde encontrá-la ou se já apareceu antes (inclusive com modificações) graças a uma tecnologia de reconhecimento digital.

Os motivos para este tipo de busca podem ser muitos: se é um fotógrafo, pode querer verificar se alguém usou suas fotos sem permissão; se é um leitor mais crítico de notícias, pode comprovar que nenhum meio de comunicação mostre em uma notícia atual uma foto de algo que, na verdade, já aconteceu há muito tempo.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Vício em internet



Autor usa experimento com pombos para mostrar como nos tornamos viciados em produtos tecnológicos

Ronaldo Lemos

Poucos artigos sérios usam a palavra "vício" para falar de tecnologia. É comum ver eufemismos como "compulsão" ou "uso exagerado". Vício é palavra ainda rara. Ou ao menos era. Na edição de janeiro de 2015, a revista "Wired" (influente publicação sobre tecnologia) não hesitou em usar a palavra "viciante" ("addictive"), da seguinte forma: "Facebook, Twitter, Instagram, 'World of Warcraft', 'Angry Birds'. Os produtos tecnológicos de maior sucesso têm uma coisa em comum: eles são viciantes".

O texto comenta a obra do consultor Nir Eyal, especializado em aconselhar empresas e designers a tornarem seus produtos mais viciantes. Eyal é autor do livro "Hooked: How to Build Habit-Forming Products" (fisgado: como construir produtos que formam hábitos) e roda o mundo auxiliando a "fisgar" usuários e não soltá-los mais. Ele gosta de descrever sua área como "engenharia de comportamento", profissão que não faria feio nos livros de ficção científica de William Gibson ou Philip K. Dick.

Leia o artigo completo na Folha de S. Paulo

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Idade Média...


O acesso à internet tem proporcionado maior acesso à leitura? Estamos nos tornando melhores leitores? Certamente estamos lendo mais, porque se ampliou o acesso à informação, mas não a conhecimento. Informação, por si só, não gera conhecimento. Há incontáveis livros, artigos, blogs, notícias disponíveis na internet, mas a maioria das pessoas consome sem checar a fidedignidade. Multiplicam-se ‘informações’ sem discernimento ou reflexão. A internet muda paradigmas existentes, notadamente no que se refere ao acesso à informação e relacionamentos interpessoais, mas, decresce a capacidade do humano em testar fontes, sabê-las válidas. Isso sim, permitiria qualidade e conhecimento capaz de fazer diferença. 

Há verdades nos livros, mas ‘nem todas as verdades são para todos os ouvidos, nem todas as mentiras podem ser conhecidas como tais por alma piedosa; e há, nas bibliotecas mesmo, livros que contêm mentiras’. Essas frases são de Umberto Eco no livro O nome da Rosa. Continuam atuais e demonstram que conhecimento ainda está nas mãos de poucas pessoas. No texto está que  havia biblioteca de livros raríssimos num mosteiro, contrários aos interesses dominantes. Por essa razão, pouquíssimos tinham acesso. Ler era perigoso. Quem lia certos livros morria! 

Talvez este seja um dos motivos da educação pública de nosso país estar sucateada. Os investimento não chegam a produzir transformação pessoal e social. Tem que mudar. Sem leitura o ser humano ‘morre’. É preferível ‘morrer’ pela leitura libertadora, do que pela a ausência geradora de ‘prisão’ e ignorância. Sem senso crítico, dialética e capacidade de argumentar, ‘verdades’ ou ‘mentiras’, se tornam tônica. Sem essas ferramentas não podemos imaginar que ‘quando entra em jogo a posse das coisas terrenas é difícil que os homens raciocinem com justiça’, como também afirmou Umberto Eco. Livros impressos estão se transformando em ebooks. Espero que  isso não se torne modo de ‘incendiar’ livros como antigamente. Na internet, podem deixar de ser disponibilizados se ficarem sem acesso ou não vendidos? Eis aí, de novo, a idade média... 

Acir de Matos Gomes
Advogado, professor universitário
via GCN
Imagem: Intertnet

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

A internet não esquece


Mesmo que buscadores recebam ordens para esquecer, o conteúdo não desaparece

Demi Getschko | Estadão

O que nos cerca muda rapidamente e nem sempre nos damos conta disso. Nos velhos tempos, por exemplo, se alguém recebia uma carta de que não gostava ou que o ofendia, podia rasgá-la ou queimá-la e ela desapareceria para sempre, sem vestígios. Hoje, com os meios baratos e quase infinitos de armazenamento eletrônico de informações, pode ser impossível nos livrarmos de um simples e-mail.

Claro que podemos apagar a mensagem que nos incomodou, mas é pouco provável que ela, de fato, suma definitivamente. Para manter a confiabilidade e garantia contra erros involuntários dos clientes, os provedores sérios de correio eletrônico guardam cópias - os “backups” - que, queiramos ou não, podem preservar coisas à nossa revelia. E sem falar do que nós mesmos colocamos impensadamente na rede e, mais tarde, concluímos que foi uma bobagem ter feito aquilo. Ah, se arrependimento matasse… Como Turiddu diz a Santuzza na ópera Cavalleria Rusticana, depois de uma acalorada discussão, “pentirsi è vano dopo l’offesa”, ou seja, é inútil penitenciar-se depois de cometer uma ofensa.

Assim, o que é colocado na internet pode tornar-se irremovível na prática: ou os próprios sistemas de armazenamento irão guardá-lo ou, se causou algum impacto bom ou mau entre os usuários, alguém terá tirado uma cópia. A conclusão é fácil de dar e difícil de cumprir, como todos os bons conselhos: não devemos colocar nada em rede aberta de que possamos nos arrepender mais tarde. Mas quem resiste à tentação de replicar algo interessante que leu, mesmo sem ter nenhuma certeza de que seja um fato real e não uma simples invenção de alguém? Minha avó usava uma expressão grega para coisas que fazemos impulsivamente e depois não mais podemos desfazer. Dizia: “pronto! caiu o açúcar na água”. Se jogarmos uma colher de açúcar num tanque de água, por mais que filtremos não conseguiremos removê-lo: sempre algo sobrará diluído lá no meio.

Essa característica da rede compromete também a eficácia de um eventual direito que se postula hoje: o direito ao esquecimento. Um parêntese aqui: como engenheiro, tenho sérias dúvidas lógicas de como poderíamos ter direito sobre algo que não está em nosso controle. Eu, certamente, tenho direito de esquecer - e certamente esquecerei - coisas que estão em minha memória, mas não imagino como ter direito a que você esqueça coisas que estão na sua memória. Mesmo que esse “sua” se refira à internet.

Bem, supondo que esse direito exista, líquido e certo, não há como magicamente apagar todas as referências a algo na rede. Mesmo que os buscadores recebam ordens para ignorar o tal conteúdo e não indexá-lo, em algum lugar estará armazenado, pronto para sair à luz num momento futuro.

Hoje, quando floresce o narcisismo e o individualismo, popula-se a rede com autofotografias nas mais variadas situações, às vezes para documentar, muitas vezes só para satisfazer o ego. O demônio, pela boca de Al Pacino no filme Advogado do Diabo, afirma categoricamente: “vaidade é meu pecado preferido”. A internet não esquece, e aí é que mora o perigo.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Filme 'Homens, mulheres e filhos' ilustra efeito da internet sobre valores morais


Júlio Cavani - Diario de Pernambuco

Homens, mulheres e filhos, dirigido por Jason Reitman (Juno, Amor sem escalas), é mais um drama sobre crises de valores em famílias de classe média dos Estados Unidos, tema explorado de formas diferentes em filmes como Beleza americana (1999), de Sam Mendes, Felicidade (1997), de Todd Solondz, e Pecados íntimos (2006), de Todd Field, entre outros exemplos. O diferencial nessa nova abordagem é a presença da internet como eixo de todos os problemas afetivos enfrentados pelos personagens.

A internet não é o problema. A maneira como as pessoas a usam ou reagem a ela é que parece doentia na maioria dos núcleos familiares retratados no filme. A rede virtual simplesmente representa a abertura de novas janelas onde são extravasadas questões de comportamento mais enraizadas relacionadas principalmente a conflitos conjugais (dos homens e mulheres do título) e imaturidade sexual na adolescência (dos filhos).

O mal está também no uso excessivo da internet, seja por tablets, smartphones ou desktops. Os personagens do filme estão sempre conectados. Um garoto dá mais importância aos amigos virtuais de um videogame do que ao mundo real. Marido e mulher passam horas na cama, cada um com um iPad, mas praticamente não se olham ou não se tocam fisicamente. Em um shopping, todas as as pessoas andam pelos corredores enquanto acessam informações ou conversam pelo celular.

Homens, mulheres e filhos não tem um ator principal. É um filme coral, com várias histórias direta ou indiretamente entrelaçadas. No elenco, que tem estrelas como Ansel Elgort e Jennifer Garner, a surpresa é o comediante Adam Sandler, que assume um papel sério e delicado, com poucos momentos de humor. Emma Thompson faz uma narração em off que aponta para a insignificância das angústias humanas diante da infinitude do Universo.

Os norte-americanos não tiveram um Nelson Rodrigues. Em comparação com A vida como ela é, entre outras obras do escritor brasileiro, os dilemas apresentados nesses filmes de Hollywood beiram a ingenuidade. Reitman, que já havia discutido o tema do aborto com uma inteligente leveza em Juno, pelo menos consegue manter certo equilíbrio, sem cair em desfechos escandalosos. Ele direciona a discussão para o afeto e a compreensão, no lugar de apelar para sentimentos de culpa ou moralismos puritanos. Em seu cinema, um silêncio ou uma conversa calma valem mais do que uma briga ou discussão descontrolada.

 


+ 5 motivos para você assistir a 'Homens, Mulheres & Filhos'