quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Cuidado: se você viajar para o exterior, o Google apagará seus livros
Em 2009, em uma ironia absolutamente deliciosa todo mundo que comprou 1984 e Revolução dos Bichos na Amazon, em versão para o Kindle, descobriu que o livro havia sumariamente desaparecido de seus e-readers. Sem traço de sua existência, apagados, deletados, obliterados.
A Amazon explicou que os livros haviam sido disponibilizados por uma empresa que não tinha direitos de distribuição. Versões de Harry Potter também desapareceram. Todo mundo entende que eram casos de pirataria, mas a própria idéia de que a empresa pode acessar remotamente seu Kindle e apagar um livro é assustadora.
Agora esse temor se concretizou, via Google.
O mercado de música e filmes é uma zona. Há toneladas de licenciamentos, o que impede um espectador no Brasil de assinar o Netflix dos EUA, por exemplo, mas há um consenso que em mídias físicas vale tudo. Mesmo com Region Code, ninguém vai te impedir de entrar em uma loja em Miami e comprar um DVD, nem de embarcar com ele pra o Brasil. Com livros muito menos.
As licenças envolvem traduções, mas livrariam sempre venderam livros em língua estrangeira, geralmente cobrando o famigerado dólar-livro. Com o digital, ao invés de manter a estrutura vigente ou flexibilizar, parece que o Google está apertando o cerco.
Foi o que descobriu Jim O’Donnell.
Em uma viagem para Singapura, abriu o app do Google Play Books sem seu iPad, para ler um pouco. O app avisou que tinha atualizações. Ele deixou que fossem instaladas. Feito isso, ela simplesmente apagou os 30 ou 40 livros que ele tinha armazenados.
Achando que fosse algum problema de atualização, Jim tentou baixar de novo alguns títulos. Não conseguiu. A aplicação reconheceu que ele estava em um país onde não havia serviço de venda de livros no Google Play, então ele não estava licenciado para abrir os arquivos que havia comprado. NEM poderia baixar de novo, a não ser quando voltasse aos EUA.
O suporte não ajudou em nada, ele acabou apelando pro archive.org e achou uma cópia do livro de referência que precisava. Baixou sem crise de consciência, afinal já havia pago por ele.
Se isso for uma hagada do estagiário super-zeloso, tudo bem, mas se for uma política oficial, será muito prejudicial ao Google Play como loja de conteúdo digital. Ou é locação ou é venda. Não dá pra ser os dois. Principalmente, se vai se tornar realidade esse retrocesso, se livros serão tratados como episódios de séries, que isso seja muito bem explicado para o consumidor, que então não gastará dinheiro com lojas que pratiquem esse absurdo.
Meio Bit
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